Vasconcelos (Rio) (AG) – Os ex-presidentes do PMDB, Jarbas Vasconcelos, atualmente candidato à re-eleição ao governo de Pernambuco, e o do PSDB, o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati, candidato ao Senado, prevêem uma ampla reforma partidária logo após as eleições.
Oficialmente apoiando o mesmo candidato à presidência da República, o tucano José Serra, ambos acreditam que os dois partidos possam se reincorporar numa só legenda. Jarbas, que chegou a ser convidado para ser vice na chapa do PSDB, foi maís enfático na defesa do candidato José Serra. Disse que ele é melhor do que o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Globo – No PMDB, divisões internas sempre fizeram parte de sua história, tanto que o PSDB é a oficialização de uma de suas dissidências. Mesmo assim, entre os tucanos isso é novidade. É possível juntar os cacos de cada um desses partidos, depois das eleições?
Tasso – Eu acho que não vai ter cacos. A substância do PSDB vai continuar a mesma. Infelizmente, o que está acontecendo não é divisão, mas, sim, conseqüências dos quadros locais, montados em função da verticalização. No meu caso específico, é uma posição de determinados grupos que não representam o PSDB, não entendem o quadro local e passam a fazer deturpações, criando uma situação que não existe.
Jarbas – Acho que o PMDB continuará o mesmo depois da eleição, com grupos, facções e alas. Isso ocorre há muitos anos e não vai ser o resultado de mais um pleito que vai modificar o comportamento partidário
O Globo – Quando a base do governo começou a discutir a sucessão, José Serra, que ainda não era candidato, defendeu uma tese parecida com a que aconteceu no Chile: os partidos aliados apresentariam candidatos e, mais tarde, o que tivesse mais potencialidade eleitoral seria o candidato da aliança. Não deu certo. Era uma tese inviável?
Tasso – Não diria inviável. O natural seria que as candidaturas fossem se apresentando naturalmente, dentro dos próprios partidos e não através dos candidatos. Isso não significa que ganharíamos as eleições aplicando esta ou aquela tese. Mas o processo natural sempre é um fator de união.
Jarbas – A tese é correta, racional e objetiva. Seria ótimo se pudesse ter sido colocada em prática nesta eleição. Espero que na próxima isso venha a ocorrer
O Globo – Sem entrar no mérito do episódio em si, mas o desmanche da candidatura Roseana estimulou a desagregação da aliança?
Tasso – Claro, sem dúvida. A impressão de truculência, de violência e de uma certa falta de solidariedade dos aliados levou ao esgarçamento e a um certo grau de ódio interno entre os próprios aliados, o que me parece que tornou inviável qualquer tipo de recomposição da base inicial.
Jarbas – Não. A desagregação já vinha de antes, com cada partido lutando, isoladamente, por espaço e por candidaturas próprias. Já em 2001 ficou patente a dificuldade de um entendimento. O episódio de Roseana apenas agravou o que já estava latente.
O Globo – Ambos são conhecidos por falarem abertamente o que pensam. Nesse sentido, numa análise isenta, quais são as virtudes e os defeitos apresentados até aqui pelos candidatos Ciro Gomes e José Serra?
Tasso – Não tenho condições nem me acho capaz, neste momento, de falar das virtudes e defeitos dos outros. Estou empenhado na minha campanha e, por isso, me cabe manter as minhas virtudes e corrigir os meus defeitos.
Jarbas – Não vou fazer análise de adversário, de quem não conta com o meu voto. Quanto ao meu candidato, José Serra, eu ressalto as suas virtudes, não os defeitos. Esses eu posso falar a ele, mas em conversa reservada. Jamais em público. No que se refere às virtudes, Serra é o mais preparado, o mais competente e o candidato de maior dimensão entre os que disputam a eleição.
Abuso de poder na Bahia
Salvador
(AE) – O PMDB baiano está sendo acusado de abuso de poder econômico por ter distribuído gasolina grátis para moradores da cidade Itapetinga, localizada a 571 quilômetros de Salvador, participarem de uma carreata no último fim de semana. No evento, foi inaugurado o comitê local das campanhas do candidato tucano à presidência José Serra (PSDB); do líder do partido na Câmara deputado Geddel Vieira Lima; do candidato ao governo Prisco Viana (PMDB) e do deputado estadual Michel Hage (PMDB).O diretório municipal do PMDB elaborou senhas assinadas por Renan Pereira, da coordenação da campanha de Hage, para que os motoristas pudessem, depois do evento, abastecer no Posto Dairy Walley. As motos tinham direito a cinco litros e os carros dez. Várias dessas senhas foram obtidas por militantes do PFL que levantaram quantos veículos obtiveram a benesse: 58 carros de passeio e 108 motos num total de 1.120 litros de combustível. “Isso é um flagrante abuso de poder econômico, um desrespeito ao eleitor”, reagiu o deputado estadual Heraldo Rocha (PFL).
O deputado pefelista, que tem base política na região, anunciou que vai entrar com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o PMDB. “A Justiça Eleitoral deve julgar o caso, mas não posso conceber que um deputado federal (Geddel) que ganha R$ 8 mil por mês e um estadual (Hage) que recebe subsídio de R$ 6 mil possam bancar esse tipo de coisa do próprio bolso”, disse Rocha sinalizando que os recursos podem ser de programas federais chancelados pelos peemedebistas. O deputado federal Eujácio Simões (PL) pretende endossar a ação. “Esse tipo de campanha é uma marca do deputado Geddel (Vieira Lima)”, acusou.
Requião recebe Lula em Curitiba
O senador Roberto Requião, candidato ao governo pelo PMDB, recepciona hoje, às 16h30, na sede do diretório do partido, em Curitiba, Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT. Lula estará na capital para, além de cumprir outros compromissos, falar sobre suas propostas aos militantes peemedebistas. “Vamos ouvir o que o Lula tem a dizer, sobretudo porque os interesses dos brasileiros estão acima dos interesses partidários”, diz.
O encontro vai acontecer apesar da resistência de setores do PT, que gostariam de contar com o apoio exclusivo de Lula ao candidato do partido ao governo do Estado, o deputado federal Padre Roque.
O PMDB paranaense abriu sua sede para todos os candidatos à presidência da República, para dar a eles a oportunidade de debater com os peemedebistas seus projetos para o Brasil. Segundo organizadores do encontro com Lula, vários segmentos importantes do PMDB já aderiram à candidatura petista, por considerarem suas propostas consistentes, sérias e as que mais propõem soluções aos problemas brasileiros. Depois do encontro na sede do PMDB, Requião e Lula participam de jantar, no restaurante Madalosso, em Santa Felicidade.
A recepção ao candidato do PT está sendo organizada pelo Comitê Suprapartidário de apoio às candidaturas de Requião e Lula, inaugurado, semana passada, em Curitiba. Depois do jantar em Santa Felicidade, Lula vai visitar a sede Comitê, que fica na rua Engenheiros Rebouças, na praça do Atlético.