A cúpula do PMDB fará amanhã (23) uma reunião formal para discutir a situação de partido de oposição num eventual governo do candidato da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B-PCB-PMN). Além de desembarcar, informalmente, da campanha do candidato da Grande Aliança a presidente, José Serra (PSDB-PMDB), o encontro na casa do presidente nacional do PMDB, deputado reeleito Michel Temer (SP), também servirá para analisar os resultados das eleições de deputados, senadores e governadores eleitos no primeiro turno. Os peemedebistas devem ainda decidir de que forma atuarão na disputa das presidências da Câmara e do Senado.
?Vamos fazer uma análise do atual quadro?, sintetiza Temer. Ele e os colegas evitam dar como certa a vitória de Lula na eleição de domingo (27), em solidariedade a Serra. Mas o tom é outro nas conversas reservadas em que dirigentes do PT tentam convencer o PMDB a não se opor ao eventual governo do candidato da Coligação Lula Presidente. Discreto e dirigido aos peemedebistas tidos como ?confiáveis? pelo PT, esse assédio começou há cerca de três semanas.
Temer assegura que a conversa com o presidente nacional do PT, deputado reeleito José Dirceu (SP), que se tornou pública ocorreu, ?acidentalmente?, quando se encontraram no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Outros parlamentares confirmam, sim, que foram procurados. Mas preferem manter o assunto reservado, pelo menos até o resultado fim da eleição.
Apesar da frustração com o candidato da Grande Aliança a presidente, a cúpula peemedebista tem o que comemorar nesse encontro: a derrota dos ?rebeldes? que se opunham ao comando, como o senador Maguito Vilela (GO), derrotado na disputa pelo governo de Goiás; Paes de Andrade (CE), que não conseguiu se eleger deputado, e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que também não conseguiu uma vaga no Senado.
Os dirigentes da legenda devem sinalizar amanhã que, embora lamentem o racha, nada farão para recompor com os dissidentes. Na mesma situação, está o senador José Sarney (PMDB-AP), que, dificilmente, terá o apoio da cúpula para disputar a presidência do Senado, como preferem os petistas num eventual governo Lula. ?Ele afastou-se do partido quando julgou conveniente e, agora, não pode se reaproximar só porque é do seu interesse?, comentou um peemedebista.
Precavidos, os senadores da ala rebelde do PMDB também marcarão posição em relação ao eventual governo dele, na reunião marcada para a próxima semana. Encabeçam a iniciativa o senador Amir Lando (RO) e Vilela. A presença de Sarney, que foi procurado, ainda não foi confirmada.