Brasília

– O PMDB decidiu ontem adiar a decisão sobre o posicionamento do partido no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Após o encerramento da reunião da executiva nacional do partido com os governadores eleitos da legenda, o presidente do PMDB, Michel Temer disse que o partido decidiu aguardar as propostas a serem feitas pelo futuro governo. Segundo Temer, conhecidas essas proposta, o PMDB irá apoiar e aprovar aquelas que sejam coincidentes com o programa do partido e de interesse do País.

Ele adiantou, no entanto, que o objetivo do partido é apoiar e sustentar aquilo que é chamado tradicionalmente de governabilidade. “Não vamos atrapalhar o governo. Vamos colaborar com aquilo que tenha o apoio do PMDB”, disse. Na realidade, o que Temer procurou foi evitar mais uma vez o confronto entre duas tendências, uma mais à esquerda, próxima do PT e outra mais moderada que deu apoio ao governo FHC e que agora com o PT no governo pode até rever suas posições, mas não por enquanto.

Um apoio, de imediato, ao governo Lula ainda divide o partido. O governador do Paraná, Roberto Requião, defende que o partido apoie o futuro governo. Mas o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, acredita que o partido foi colocado na oposição nas eleições e deve assumir esta posição. Ele diz que não é o caso de falar em oposição responsável. “Eu sou responsável e vou estar na oposição, por isso, não acredito que precise deste complemento.” Segundo Jarbas, o recado das urnas, que premia os vitoriosos, foi para o PMDB ir para a oposição. A função do partido, segundo ele, é de fiscalizar os atos do futuro governo. “Logicamente não vamos criar obstáculos ao governo Lula, nem dinamitar o governo Lula, como o PT fez com o presidenete Fernando Henrique. Mas, é preciso que o novo presidente diga de uma forma clara como fará as reformas tributária e previdenciária, assuntos de interesse dos governadores”, disse.

Outra preocupação de Jarbas é com o papel que terá os governadores no futuro governo. “Temos que tomar cuidado para que os governadores não comecem a influenciar demais. Caso contrário, retomaremos a política dos governadores existente na época em que Sarney era presidente, e que foi um horror”, afirmou Jarbas. Jarbas acredita que seu partido resistirá a mais esta disputa. “É um partido grande, enraizado. Mas é como caderneta de poupança. Nos últimos anos temos só sacado o dinheiro; depósito que é bom, nada. Um dia a poupança acaba”.

O PMDB disputou as eleições presidenciais em aliança com o PSDB, que já assumiu o papel de oposição. O partido elegeu cinco governadores, entre eles os dos três estados do Sul.

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