São Paulo (AE) – Ao contrário de maio, quando a polícia soube com dois dias de antecedência dos planos de ataque e rebeliões do Primeiro Comando da Capital (PCC), desta vez a inteligência da Polícia Civil só interceptou às 22h50 de terça-feira a primeira mensagem da cúpula da facção para um piloto (gerente). O salve (ordem) era geral e mandava ?atacar tudo?. Saulo Abreu, o secretário de Estado da Segurança Pública, só foi informado pelos subordinados sobre a nova onda de atos terroristas do PCC às 2h20 de quarta-feira.
Para justificar os ataques aos seus subordinados, os líderes do PCC resolveram ordená-los como uma resposta ao que chamam de ?opressão carcerária?. Esta envolveria desde o isolamento dos líderes do PCC até o confinamento nas penitenciárias de Araraquara e Itirapina de presos mantidos ao relento depois das rebeliões que destruíram as duas unidades. ?O PCC está fazendo propaganda para os presos?, disse um delegado do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Para o secretário Saulo Abreu, tratou-se de uma represália à possibilidade de transferência dos líderes do PCC para o presídio federal de Catanduvas (PR).
Os ataques de quarta-feira à noite seriam, assim, uma forma de a organização aparecer aos olhos dos detentos como um grupo que ?defende os direitos da população carcerária?. A principal suspeita é que a ordem para os ataques partiu dos presos da Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, onde estão isolados os líderes da facção.
A Inteligência da Polícia Militar desconfia que os ataques vão se prolongar de forma intermitente até o fim deste ano.
