O diretor do filme Tropa de Elite, José Padilha, e o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Rodrigo Pimentel, co-roteirista do longa-metragem e um dos autores do livro que o inspirou, foram intimados pela Polícia Militar a prestar depoimento como testemunha num Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela corregedoria da corporação. O inquérito foi aberto no mês passado para apurar a participação de soldados do Bope e o uso de recursos materiais da polícia, como armas e fardas, nas filmagens de Tropa.

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Procurado pelo Estado, Padilha não quis comentar a intimação. Em nota, a Zazen, produtora do filme, informou que o diretor vai ignorar a intimação seguindo orientação que ouviu pessoalmente do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB). A assessoria do governador confirmou que ele orientou Padilha a não comparecer por considerar a intimação "uma inibição despropositada".

Pimentel também teria faltado à primeira data marcada para o depoimento, que foi remarcado. Ele negou que a produção do filme tenha usado munição e armas do governo estadual e afirmou que se encontraria ontem com o comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo.

A Polícia Militar e a Secretaria de Segurança do Rio não quiseram fornecer detalhes sobre a investigação interna, que foi aberta pelo corregedor, coronel Paulo Ricardo Paúl, a partir da denúncia de um oficial da própria PM. O setor de relações-públicas da PM informou que Paúl não daria entrevista sobre o assunto. O coronel Pinheiro Neto, comandante do Bope, também foi convocado a prestar declarações e já prestou depoimento. Procurado pelo Estado, ele não quis comentar a denúncia.

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O governador divergiu da PM porque não vê cabimento numa investigação que questiona a transferência de informações do Bope para os produtores do filme ou especula sobre a utilização de material público. No entanto, sua assessoria não soube informar se ele intervirá pelo arquivamento do IPM.