A Polícia Militar (PM) divulgou nesta quarta-feira vídeos do confronto com traficantes que aconteceu na segunda-feira, 24. na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, no Rio, em que dez pessoas morreram – entre elas, um sargento e três moradores sem antecedentes criminais. Nas imagens, feitas a partir do helicóptero da PM, aparecem homens armados com pistolas e fuzis num dos acessos da favela. Um dos trechos mostra ainda o momento em que o caveirão, veículo blindado do Batalhão de Operações Especiais (Bope), entra na comunidade e há confronto com os traficantes.
A ação da PM foi criticada por moradores e integrantes de organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região. O sociólogo Jailson Silva, fundador do Observatório de Favelas, usou as redes sociais para convocar a população para um ato na terça-feira, 2, “em memória às vítimas desse novo massacre”.
“Não veio pedido de desculpas do secretário de Segurança (José Mariano Beltrame), do governador (Sérgio Cabral Filho) ou da presidente por esse ato de vingança das forças policiais contra a população. Vamos mostrar que a população das favelas tem o mesmo sentimento de indignação da residente em outras partes da cidade e não suporta mais esse tratamento desigual. De forma pacífica e sem violência, vamos exigir o pedido de desculpas do secretário de Segurança e do governador por essa violência, pois são eles os maiores responsáveis por permitirem esse tipo de ação; vamos exigir o fim das incursões desse tipo nas favelas, acabando com o uso de caveirões e fuzis”, escreveu.
Beltrame cobrou apuração das denúncias de excessos cometidos pelo Bope, e também do autor do assassinato do sargento. “Essas coisas têm de ser apuradas. A especulação não faz bem a ninguém. Mas, assim como tem de apurar se houve excesso, tem de apurar quem matou o sargento. O excesso não é a lógica da polícia”, disse, em entrevista à Rádio CBN.