Um grupo com cerca de 80 soldados da Polícia Militar de Goiás desocupou a fazenda Ilha Bela, com 3.700 hectares, invadida na semana passada por cerca de 600 famílias de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em cumprimento a ordem judicial. Segundo a PM, a desocupação, iniciada após as 6h de ontem, foi pacífica. Segundo líderes do MST, a polícia entrou na área com violência. ?Era madrugada quando os PMs chegaram atirando?, afirmou Lucinéia Medeiros, assessora da Secretaria Geral do MST em Brasília. ?O que eles dizem não condiz com o que de fato aconteceu?, afirmou.
A fazenda Ilha Bela se localiza no município de Flores de Goiás, a 431 quilômetros de Goiânia. A desocupação foi liderada pelo tenente-coronel Abigail Alves Silva, comandante do 16.º BPM, que empregou soldados de Formosa (GO), Entorno de Brasília (DF) e Unaí (MG). De acordo com o porta-voz da PM de Goiás, tenente-coronel Carlo Elias, as famílias de sem terra não resistiram à ordem de despejo e saíram de maneira pacífica da área. ?A PM não deu um tiro sequer?, disse o militar. ?Oficialmente, ocorreu uma invasão arbitrária da PM?, disse o MST. ?E as famílias ainda foram aprisionadas dentro de um curral, o que tornou o clima tenso?, disse Medeiros.
Segundo a PM, o único incidente teria ocorrido momentos após a desocupação. ?Quando os sem terra já estavam na estrada de acesso, cerca de 180 homens e 80 mulheres do MST tentaram invadir outra fazenda, a Sete Rios, que é distante 25 quilômetros da fazenda Ilha Bela?, relatou o tenente-coronel Carlos Elias. ?A PM foi comunicada e impediu a nova invasão?, afirmou Elias. Ele disse ainda que a Polícia permanecerá na área para impedir ?riscos? de novas invasões e que não há conflitos na área.
Esta foi a terceira desocupação da fazenda Ilha Bela cujo proprietário, Carmo de Pádua Vilela, pediu a reintegração de posse. Laudo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) indica que a fazenda é produtiva. Já o MST-DF informou ontem que, além de improdutiva, a fazenda se encontra abandonada. O porta-voz da PM acusou os sem-terra de saquearem a propriedade antes de saírem: ?Eles levaram cerca de mil sacas de arroz, motor elétrico e pequenos objetos?, disse.
Segundo a PM e o MST, não há feridos em conseqüência da desocupação das fazendas.
O movimento informou, que os sem terra permanecerão na região, onde estima a existência de 2 mil famílias à espera da desapropriação da fazenda Sete Rios.
