O delegado Itagiba Franco, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, que coordena as investigações do caso das mortes do estudante Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, de seus pais, avó e tia, ocorridas na segunda-feira, 05, deve convocar para depor o coronel Wagner Dimas, comandante do 18° Batalhão da Polícia Militar.
Dimas disse nesta quarta-feira, 07, em entrevista à Rádio Bandeirantes que a cabo Andreia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, que trabalhava no 18º BPM, contribuiu para as investigações que apontavam a ligação de policiais do batalhão com roubo de caixas eletrônicos. Dimas ainda disse que não acreditava na versão de que o menino tenha sido o autor da chacina, mas ponderou que a mãe de Marcelo não vinha sendo ameaçada de morte. Ele afirmou que o depoimento dela não chegou a provocar a punição de policiais. “Vamos avaliar a necessidade da convocação do coronel”, afirmou Itagiba, que vai ouvir o Comando Geral da PM sobre o tema.
A fala do coronel da PM, contudo, não chegou a abalar a crença dos policiais na versão de que o menino matou os pais, a tia, a avó e depois se matou. Hoje Itagiba apontou novas evidências que reforçam essa versão. Luvas foram encontradas dentro do Corsa da mãe de Marcelo. A informação ajuda a polícia a explicar por que o teste do exame residuográfico na mão de Marcelo (que pode identificar a existência de pólvora na mão do atirador) deu negativo.
Conforme a apuração dos policiais, a partir de imagens de câmera de vídeo, por volta da 1h15 da segunda, logo depois de praticar os quatro homicídios, Marcelo foi com o carro da mãe para a rua da escola onde estudava. Dormiu no carro até às 6h30 e depois foi assistir aulas.
Outras duas informações adicionaram novas peças ao quebra-cabeça que vem sendo montado pela polícia. Além das armas .40 e do revólver calibre 32 encontrados na residência, Itagiba disse que os peritos encontraram outras três armas. Ele não soube especificar o calibre das armas. “Se fosse latrocínio, essas armas teriam sido levadas. Mas foram deixadas para trás”, disse.
Além disso, foi colhido o depoimento do filho de uma das vítimas, a tia Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos. O jovem foi o último a estar com a família antes do assassinato. Ele disse que a mãe sofria de depressão e por esse motivo passava temporadas com a irmã mais velha, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, avó de Marcelo.
Para a polícia, a informação ajudaria a explicar por que as duas não acordaram durante os disparos. Elas poderiam estar em sono profundo sob efeito de remédios. As duas foram encontradas mortas e cobertas. Todos foram mortos com tiros à queima roupa na cabeça.
Em nota à imprensa, o Comando da Policia Militar afirma que não houve denúncias registradas na Corregedoria da PM por meio da cabo Andréia Pesseghini contra policiais militares. A assessoria informou que foram consultados arquivos da Corregedoria e Centro de Inteligência e que nada foi identificado. Ainda segundo a nota, será instaurado um procedimento para apurar as declarações dadas pelo coronel Wagner Dimas Alves Pereira, comandante do 18º Batalhão. A reportagem tentou falar com o coronel, que não foi localizado.