Porto Alegre – Pelo menos 112 filiados ao PT em todo o País aproveitaram ontem o Fórum Social Mundial para anunciar sua saída do partido. Um dos nomes mais conhecidos do grupo, o economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior, no partido há 25 anos, afirmou que esse é apenas o início da "debandada" dos petistas de esquerda, e que nos próximos meses mais 500 filiados devem proceder da mesma forma.
O grupo se encontrou para debater alternativas para a vida fora do PT na tarde de sábado, dia 29, na sede do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), em Porto Alegre. "O governo Lula acabou com as expectativas da esquerda no Brasil. Doeu muito. Mas agora é hora de pensar em alternativas", declarou Sampaio Júnior. Na manhã de sábado o economista e outros representantes da dissidência petista participaram do encontro nacional do P-Sol. Sampaio Júnior, no entanto, nega que estaria se filiando ao partido. Para ele, o grupo de ex-petistas precisa discutir mais e tomar uma decisão conjunta: "Assim como a saída do PT foi em grupo, organizada, o próximo passo também tem que ser coletivo".
"Fizemos um manifesto da ruptura com 13 motivos para sair do PT, mas posso afirmar que existem dois motivos principais. O primeiro é que o PT deixou de ser um partido que luta por mudanças sociais. O outro motivo é que o partido fez a opção pela manutenção da ordem atual e acreditamos que esta será uma postura irreversível", afirmou o economista.
Filiado ao PT há cerca de 25 anos, Sampaio se tornou nos últimos anos um dos principais críticos do partido que, segundo ele, abandonou as bandeiras históricas para defender o "status quo". Na avaliação do economista, a gestão da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, foi "neoliberal" e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se sentiu mais à vontade em Davos, na Suíça, onde foi realizado o Fórum Econômico Mundial, do que em Porto Alegre, onde aconteceu o Fórum Social.
Em entrevista ao site do PT, o presidente nacional da legenda, José Genoino, procurou tratar a "debandada" como um movimento natural. Segundo Genoino, os dissidentes eram militantes que "já estavam praticamente fora do PT". Genoino rebateu as críticas de que o PT perdeu a identidade afirmando que o partido continua com "seu compromisso com os ideais de sua fundação e nosso principal norteador é a luta por igualdade social".
Genoino nega que o partido tenha perdido a identidade, como afirmam os dissidentes da lista. Segundo ele, o PT mantém seu compromisso com os ideais de sua fundação e o principal norteador é a luta por igualdade social. O PT luta por desenvolvimento com emprego e renda. Além disso, ele afirmou que o partido luta para conciliar a responsabilidade de ser governo e atuar nos movimentos sociais.