A Central Única dos Trabalhadores (CUT) estima que pelo menos 1 milhão de pessoas votaram contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, vendida em leilão em 1997. Do dia 1º ao 9 foi realizado plebiscito em todo o país para saber a posição da população sobre o assunto. Dezenas de entidades da sociedade civil participaram da organização.
Até agora foram apuradas as urnas de 17 estados, e a totalização está prevista para domingo (30). A central computa que 97% dos votos foram pelo retorno da Vale à União. Além da CUT, participaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastorais da Igreja, e outras entidades representativas, tendo algumas delas incluído no questionário outras questões.
Para o integrante da direção da CUT nacional Julio Turra, coordenador do comitê da central que trabalhou na organização do plebiscito, a anulação do leilão "já encontra respaldo jurídico". "Embora o governo não tenha uma posição manifesta sobre o assunto, basta que venha a acatar o que vier da Justiça para que a companhia volte ao Estado", diz. Segundo ele, "há embasamento para isso, pois o leilão foi realizado com muitas irregularidades, sendo a mais gritante o preço de venda de R$ 3,3 bilhões, quando o valor da companhia era estimado em R$ 100 bilhões".
Turra afirma que as reservas minerais da companhia "valem muitos trilhões de reais e estão nas mãos de acionistas majoritários como o Bradesco, fundos de pensão, a Previ e investidores estrangeiros".