São Paulo (AE) – O relatório "Comendo a Amazônia", publicado ontem pelo Greenpeace Internacional, aponta como a demanda mundial por soja produzida na Amazônia alimenta a destruição da maior floresta tropical do mundo, incentivando o desmatamento, grilagem de terras e violência contra as comunidades locais. A investigação mostra como a soja amazônica vai parar nas prateleiras de supermercados e redes de fast-food da Europa.
"Comendo a Amazônia" é resultado de uma investigação realizada durante um ano, nas regiões de produção e consumo de soja, baseada em análise de imagens de satélites, sobrevôos, análise de dados do governo e pesquisas em campo.
O documento acusa três multinacionais norte-americanas de commodities agrícolas – ADM (Archier Daniels Midland), Bunge e Cargill – na invasão da Amazônia, de impulsionar o desmatamento ilegal – muitas vezes, feito com trabalho escravo – a grilagem de terras públicas e a violência contra comunidades locais.
ADM, Bunge e Cargill controlam a maior parte do mercado de soja na Europa. "Estamos destruindo a maior floresta tropical do planeta para dar lugar à soja – uma espécie exótica, que será transformada em ração para alimentar gado e frango na Europa", disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. "Depois, este gado e este frango será vendido no Mac Donald’s mais próximo e você pode estar comendo um pedaço da Amazônia".
O principal acusado pelo Greenpeace é a gigante americana da agricultura Cargill. Baseando-se em fotografias de satélite e registros do governo brasileiro, os pesquisadores afirmam ter verificado que, quando a Cargill anunciou planos de construir dois silos de grãos, um terminal de US$ 20 milhões e um porto particular, o desflorestamento deu um salto.