Um dos motivos que travam neste momento a votação do Plano Diretor de São Paulo na Câmara Municipal é a falta de ingressos para a abertura da Copa do Mundo entre 40 dos 55 vereadores paulistanos. Como os ingressos foram enviados pela vice-prefeita, Nadia Campeão, apenas aos 14 líderes de bancada e ao presidente José Américo (PT), os outros 40 parlamentares – inclusive 10 vereadores petistas – se revoltaram contra o governo.

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Em solidariedade aos colegas sem ingresso, os 14 líderes e o presidente informaram o governo que não aceitariam a cortesia. A votação do Plano Diretor deveria ter começado às 11h, mas até agora não houve acordo entre os líderes para iniciar a leitura do relatório final do governo, que será feita pelo vereador Nabil Bonduki (PT). Por volta das 16h10, os líderes de bancada estavam reunidos com o prefeito Fernando Haddad (PT) defendendo que a transformação do terreno onde está a Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, na zona leste da capital, em zona de interesse social (Zei) seja feita por meio de outro projeto de lei, e não por meio da segunda votação do Plano Diretor.

Mas o motivo maior de toda a indignação, segundo relatos de vereadores e assessores da Casa, é a falta de ingressos para o jogo entre Brasil e Croácia, no dia 12. Políticos influentes na Casa como o ex-presidente Roberto Tripoli e os campeões de voto Milton Leite (DEM) e Goulart (PSD) ficaram sem ingressos e estão indignados. Eles já foram atrás da vice-prefeita para fazer a cobrança, mas ela “está incomunicável”, segundo um assessor próximo de Nádia, responsável por organizar a Copa na capital paulista.

Os vereadores dizem que o presidente da CBF, José Maria Marin, havia prometido à presidência da Casa enviar bilhetes à organização do Mundial para todos os vereadores. Os parlamentares dizem que foram avisados no final de maio que o vereador Netinho de Paula, também do PCdoB, iria entregar pessoalmente os bilhetes. Mas ontem eles foram encaminhados em envelopes pela própria vice-prefeita. Procurada, Nadia não foi localizada pela reportagem.

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“Com certeza ela distribuiu os ingressos dos vereadores para os seus ‘cupinchas’ do PCdoB e deixou a gente sem”, disparou um parlamentar, que pediu sigilo do nome. Oficialmente, os vereadores dizem que não podem votar um Plano Diretor que “fica a mercê da vontade do senhor (Guilherme) Boulos, líder dos sem-teto”, como argumenta o vereador Eduardo Tuma (PSDB). “Pelo menos deveriam dar a oportunidade de a gente comprar os ingressos”, argumenta Goulart. “Não importa o preço, gostaria de poder comprar para meus dois filhos”, acrescentou o vereador.