A descoberta de grandes jazidas de petróleo e gás na camada do pré-sal levou a Marinha a recolocar na ordem do dia a construção de um submarino nuclear. O projeto, iniciado nos anos 70, quase foi abandonado no início desta década por falta de recursos. Agora, com 85% do petróleo sendo retirado do oceano, a proteção da plataforma continental exige maior presença da Marinha no mar, segundo afirmou o vice-almirante Fernando Eduardo Studart Wiemer, comandante da esquadra. “É fundamental desenvolver o submarino nuclear”, ressaltou.
Ele acredita que, apesar da crise, não vão faltar recursos. “É uma prioridade do governo, não só da Marinha.” Wiemer comandou submarinos e conta que, quando jovem tenente, imaginava que ao chegar a almirante o Brasil já teria o submarino nuclear. “Sou o mais velho na ativa e ainda não vi isso realizado.” Para ele, agora é só uma questão de manter o fluxo de verbas. “Já sabemos construir submarino e estamos desenvolvendo o nosso reator nuclear.” A Marinha também precisa crescer em número de navios, segundo o vice-almirante. “Estamos construindo dois navios-patrulha de 500 toneladas no estaleiro Enace (em Fortaleza) e em breve vamos licitar a construção de mais quatro”, completou o vice-almirante.
O plano é construir mais 27 dessas embarcações, que servem também para o patrulhamento de rios. De acordo com o vice-almirante, o Brasil precisa ainda de um número maior de submarinos convencionais para proteger sua extensa plataforma continental. “Temos cinco, mas precisávamos ter no mínimo 12”, disse. Ele lembrou que o recente acordo firmado entre Brasil e França prevê a construção de submarinos convencionais e da plataforma do submarino nuclear no Brasil. “É um setor estratégico, em que nenhum país vende ou transfere tecnologia”, afirmou Wiemer.