Depois de passar o ano inteiro com uma alta incidência de dengue, Minas Gerais corre o risco de enfrentar uma grave epidemia da doença com o início do período chuvoso. O problema chegou a tal ponto que obrigou o poder público a usar medidas extremas. Em Belo Horizonte, a prefeitura anunciou pagamento até de 14º salário para agentes de combate que cumprirem metas. O governo estadual, por sua vez, anunciou hoje a criação de uma força-tarefa, com a participação do Exército e da Aeronáutica, para tentar conter o avanço dos casos.
O Estado registrou cerca de 246 mil notificações de dengue. O número representa aumento de 195% em relação aos 83 mil casos registrados durante todo o ano passado. O crescimento na capital foi ainda maior. Com 67,7 mil notificações este ano, Belo Horizonte teve um acréscimo de 424,4% no número de casos em relação às 12,9 mil notificações em 2009.
Em Minas, 98 pessoas já morreram vítimas da doença ou de suas complicações em 2010, contra 24 no ano passado. No País, segundo o Ministério da Saúde, a dengue causou a morte de 592 pessoas este ano.
Diante do quadro, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte anunciou que os 4,6 mil agentes de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, poderão receber até R$ 700 de bônus caso as equipes cumpram metas propostas pelo do órgão. A prefeitura estima gasto de aproximadamente R$ 2 milhões com a medida, com recursos do Fundo Municipal de Saúde.
De acordo com a secretaria, também foi criado um serviço de telemarketing que fará 390 mil ligações mensais para as residências em áreas de maior risco para alertar moradores sobre o problema e as formas de preveni-lo.
Força-tarefa
Já o governo estadual informou que serão investidos R$ 60 milhões em ações emergenciais e preventivas nas 20 cidades mineiras que, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, concentram 63,3% dos casos registrados no Estado. Os recursos serão usados por uma força-tarefa formada por 200 militares do Exército, 40 da Força Aérea e 192 agentes treinados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), além de veículos como os chamados “fumacês”.
As equipes passarão 15 dias em cada município para vasculhar áreas de risco, trocar recipientes que acumulam água por material escolar e dar orientação à população. “Cada região tem a sua característica. A experiência de um (município) pode funcionar em outro, ou tem que ser adaptada em relação a determinada realidade”, disse o governador Antônio Anastasia (PSDB), após reunião com 80 prefeitos para anunciar o plano.
As ações terão início na região metropolitana de Belo Horizonte e em Juiz de Fora, na zona da mata mineira. “Estamos transmitindo essa forma de ver o problema de maneira que, nos municípios, seja também o prefeito o responsável pela coordenação das ações. Precisamos de uma ação intersetorial. Não é uma ação só da saúde, é de todos os setores das políticas públicas e de toda a sociedade”, ressaltou o secretário de Saúde, Antônio Jorge.