Planalto vai apelar aos governadores

Brasília – O governo começará a articular com os governadores um acordo definitivo para a votação da reforma tributária. Convencido de que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), porá a proposta de emenda constitucional (PEC) que unifica a legislação sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em votação no plenário, a administração federal quer estar pronta para evitar qualquer tentativa dos prefeitos ou governadores nordestinos de fatiar o projeto.

Os prefeitos querem aprovar o aumento em um ponto porcentual do repasse dos Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e de Renda (IR) às prefeituras, cerca de R$ 1 bilhão a mais. Os nordestinos querem a aprovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), que prevê o repasse de R$ 1,9 bilhão aos estados do Norte e Nordeste. O Poder Executivo federal só aceita aprovar estes dois itens ao unificar o ICMS e acabar com a guerra fiscal.

Além de admitir ampliar em cerca de R$ 300 milhões o fundo e de aceitar tirar esse repasse do cálculo da Receita Líquida Corrente dos Estados, o Executivo federal chegou à conclusão que não obterá apoio consensual dos governadores e avalia que tem maioria suficiente para aprovar a reforma. O relator da proposta, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), disse que tem o parecer pronto para apresentá-lo ao colégio de líderes.

Assim que for chamado, vai apresentá-lo. Guimarães também afirmou não acreditar em acordo entre o Ministério da Fazenda e os governadores. Argumenta que quem decidirá a questão são as bancadas da Câmara. A votação, no entanto, não acontecerá de imediato.

Reunidos no Palácio do Planalto, ontem, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, os chefes da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, e da Casa Civil, José Dirceu, e os líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avaliam que é preciso melhorar o clima no Congresso, principalmente entre os deputados. Os ministros apostam que as liberações das emendas dos parlamentares feitas ao Orçamento de 2005 também facilitem as negociações.

Guerra fiscal

A alíquota do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) aumentará 1% quando a reforma tributária que tramita no Congresso for aprovada. As prefeituras paulistas, por exemplo, deveriam receber mais R$ 160 milhões com esse aumento, mas só verão R$ 30 milhões, uma vez que a diferença de R$ 130 milhões engordará o Fundo de Desenvolvimento Regional, que beneficiará os estados do Norte e Nordeste. O governo de São Paulo também perderá, mas, mesmo assim, o secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, afirma achar que será compensador, uma vez que é o preço a pagar pelo fim da guerra fiscal.

?O fundamental para nós é o fim da guerra fiscal, pois estamos perdendo receita com as indústrias que estão deixando o estado e o preço cobrado para um acordo político com o Norte e Nordeste é o Fundo de Desenvolvimento Regional?, disse Guardia, que ontem à noite participou do 49.º Congresso Estadual de Municípios, em Praia Grande, na Baixada Santista (SP).

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo