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Rio – O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram nota ontem, a respeito da Portaria n.º 15 de 27 de janeiro de 2005. A medida determina que o resultado de qualquer indicador estrutural produzido pelo IBGE – como a Síntese dos Indicadores Sociais e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – seja encaminhado ao governo pelo menos 48 horas antes da divulgação e não poderá ser distribuído à imprensa com antecedência.

A oposição viu na iniciativa uma forma de o governo censurar o instituto. Apesar da tentativa de esclarecer a portaria, o IBGE, entretanto, informou ontem que o embargo para a imprensa será mantido, ao contrário do que diz o texto da portaria do ministério. Por um erro de redação, segundo o instituto, a portaria determina que o sigilo das pesquisas estruturais deve ser respeitado até as 10h do dia da divulgação da pesquisa. O IBGE não soube informar se o governo vai publicar uma nova portaria com a devida correção.

A nota divulgada ontem diz que a portaria é uma solicitação do IBGE e tem o objetivo de "organizar o fluxo de informações". O texto acrescenta que "não existe qualquer tipo de censura ao IBGE ou a seus servidores." Segundo o ministro interino do Planejamento, Nelson Machado, a "Portaria normatiza a precedência das pesquisas estruturais do Instituto ao Ministério do Planejamento, prática adotada por institutos de estatística de vários países".

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Ele também afirmou que não "existe possibilidade de manipulação de dados, pois o instituto tem ampla autonomia para produzir e analisar as pesquisas que realiza e, principalmente, pela responsabilidade, seriedade e fidelidade aos resultados de seus técnicos e de sua direção".

Sustar

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O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), entrou ontem na Mesa Diretora da Casa com um projeto de decreto legislativo para sustar a portaria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que censurou a divulgação prévia dos resultados de indicadores estruturais produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). "Esse decreto é a expressão do descontentamento e da inconstitucionalidade com a medida", disse.

Segundo Aleluia, o ato administrativo do Ministério do Planejamento e Orçamento é inconstitucional porque fere o artigo 5.º, inciso 9.º, da Constituição, que estabelece que " é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente, de censura e licença".

Na justificativa para tentar sustar o ato, ele argumentou ainda que a medida do governo "viola o direito fundamental do cidadão de obter informações isentas e imparciais". O projeto de decreto legislativo só será votado depois do dia 14, após o fim do recesso parlamentar, quando o Congresso volta a funcionar, normalmente. O ministro Nelson Machado disse que "estão fazendo tempestade em copo d’água".