São Paulo
– A possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva assumir a Presidência acendeu o sinal de alerta na direção do PL, que, aliado ao PT na disputa presidencial, já pensa em nomes do seu próprio quadro para compor um eventual governo petista. Embora não tenha havido garantia de cargos durante o processo de formalização da aliança, o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, deixou claro a sua preferência pelo nome do candidato a vice na chapa de Lula, senador José Alencar (PL-MG), para ocupar o Ministério da Indústria e do Comércio. Ou, então, que a pasta seja ocupada por um nome indicado pelo senador.– O senador Alencar pode dar uma grande contribuição nessa área da indústria e do comércio. O nome dele é espetacular e sei que poderia ajudar muito num governo Lula – disse Costa Neto.
Ele garantiu hoje, no entanto, que em momento algum o partido negociou cargos ou ministérios antes de fechar o conturbado acordo com o PT. Ao comentar a possível composição de um governo petista, rasgou elogios ao colega de legenda, chamando-o de ?espetacular?. Comentando a possível vitória do PT, lembrou ainda que no PL ?tem muita gente qualificada?.
Especula-se que a dificuldade dos petistas em bater o martelo com o PL teria surgido das discussões sobre a ocupação de cargos. A direção dos dois partido nega os boatos.
José Alencar, por sua vez, é cauteloso ao falar de futuras possíveis composições. Alegando que Lula é o ?chefe? do governo e cabe apenas a ele definir cargo no governo, o senador considera precipitada essa discussão. Mas assim como o presidente do PL, concordou que há ?gente qualificada? no partido para compor um eventual governo do PT. Cuidadoso com as palavras, disse:
– Assim como há em qualquer partido, há gente no PL qualificada para compor um governo. Mas não existe essa preocupação, é cedo. O chefe do governo se chama Lula, o vice não tem nem de abrir a boca – disse. Um dos principais empresários da indústria têxtil do país, dono da Coteminas, com patrimônio líquido de R$ 933 milhões, Alencar tem feito desde o início da campanha visitas em federações de indústria e de comércio em todo o país. Muitas vezes, sem a presença de Lula. Tem cabido a ele discutir os problemas do setor com empresários.
No PT, o assunto não partiu oficialmente para as pautas de discussões. O porta-voz do partido, o jornalista André Singer, procurou pôr hoje uma pá de cal nas especulações.
