Piores, no Norte, não alcançam 400 pontos no Enem

As escolas estaduais Dom Pedro Massa, em São Gabriel da Cachoeira (AM), Retiro Grande, em Cachoeira do Arari (PA), e Coronel José Plácido de Castro, em Porto Acre (AC), têm algo em comum: foram as únicas que obtiveram médias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 inferiores a 400 pontos. As três tiveram os piores resultados no exame e são um retrato das maiores dificuldades enfrentadas pelo ensino médio. Na maioria, as piores escolas estão nas Regiões Norte e Nordeste – 75 das cem piores notas – e em cidades do interior.

A mais de 800 quilômetros de Manaus, São Gabriel da Cachoeira fica encravada na floresta amazônica. Das três escolas do município cujos alunos fizeram o Enem, a Dom Pedro Massa foi a que teve o pior resultado. Nenhum dos dez estudantes avaliados conseguiu nota superior a 500 pontos em nenhuma das quatro áreas nem na redação. A situação não é diferente nas outras duas escolas na lanterna.

Responsáveis por abrigar mais da metade dos alunos que fizeram o Enem, as redes estaduais de ensino têm também a maioria das escolas com resultados ruins. As 711 piores notas são estaduais. Apenas na 712.º posição aparece a pior escola municipal – o Colégio Municipal Agripina de L. Pedreira fica em São Gonçalo dos Campos (BA) e teve média de 443,54 pontos. A instituição privada na pior classificação está em 732.º lugar. É a Escola Técnica de Comércio de Alagoas, de Maceió.

Os resultados deste ano não podem ser classificados como bons – em 1.028 escolas, a média dos estudantes é inferior a 450 pontos, o que significa que não têm ainda as competências e habilidades mínimas esperadas para alguém que termina o ensino médio. Ainda assim, no Enem de 2011, 14 escolas tiveram resultados inferiores a 400 pontos, em vez das três deste ano. A pior delas, o Centro de Ensino Aquiles Lisboa, em São Domingos do Azeitão (MA), tinha média de 383,7 pontos. Neste ano, subiu nove posições e a média alcançou 406,4.

Os resultados mostram a distância que ainda separa as redes de ensino médio no País. Apesar de apenas uma escola estadual estar entre as cem melhores – o Colégio Técnico de Campinas, ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) -, os 215,5 mil melhores alunos das escolas públicas têm médias superiores às das privadas. “A dificuldade do ranking é que são escolas muito diferentes. Uma na periferia, com dificuldades de estrutura, quando se compara com uma num bairro de luxo, está sempre em desvantagem”, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. “A média mascara a estrutura das escolas e dos próprios estudantes.”

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