Brasília – A tendência é de que o inquérito da Polícia Federal que apura as causas do acidente que derrubou o Boeing da Gol, matando 154 pessoas, seja concluído apontando a responsabilidade compartilhada entre o piloto e o co-piloto do Legacy e controladores de vôo que orientaram o jatinho durante parte de sua viagem, no dia do acidente. A informação é do delegado Renato Sayão, que preside as investigações. ?Os controladores tinham um avião sob controle, que não estava aparecendo na tela do radar, e parecem ter achado normal. Deveriam ter adotado procedimentos de emergência para localizar o Legacy ou desviar o Gol da rota. Isso não foi feito?, diz.
Ainda conforme Sayão, a parcela de responsabilidade de Joe Lepore e Jan Paladino,
piloto e co-piloto do Legacy, estaria nos indícios de que os dois foram negligentes na operação dos equipamentos do jatinho. Lepore e Paladino já foram indiciados no inquérito precisamente por esse motivo. Os diálogos dos dois gravados pela caixa-preta do Legacy mostram que dois minutos após o choque com o avião da Gol, eles teriam percebido que o equipamento anticolisão, chamado de TCAS, estava desligado. Nas aeronaves modernas, o transponder, que acusa a presença de outro avião na mesma rota, funciona acoplado ao TCAS. Os dois foram enquadrados no artigo 261 do Código Penal (expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia).
Falhas
Conforme Sayão, o inquérito também deve apontar que falhas técnicas dos equipamentos de comunicação contribuíram para o acidente.
