Brasília

– A União já estuda a possibilidade de transferir o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para outra penitenciária e não mais para o Piauí. A reação popular e a pressão política fizeram com que o governador Wellington Dias (PT) mudasse de idéia, e, com isso, o Ministério da Justiça acha inclusive muito difícil levar a cabo a idéia de federalizar a penitenciária local para que ela passe a receber presos de alta periculosidade de todo o País, como se pretendia. Por enquanto, as autoridades federais não têm nenhuma nova opção para o destino de Beira-Mar, detido provisoriamente na Superintendência da Polícia Federal em Maceió.

Num encontro que terá amanhã com Wellington Dias, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, irá tentar convencê-lo a manter a idéia de federalizar o presídio Irmão Güido e de transferir o traficante e outros bandidos perigosos para o Piauí.

“As instalações do presídio são precárias, pelo fato de os presos que estavam serem de pequeno porte”, afirma uma fonte do governo, que prefere não se identificar, já que o assunto está sendo tratado diretamente por Thomaz Bastos e pela Casa Civil da Presidência da República. A União também não pretende estender o prazo de permanência de Fernandinho Beira-Mar em Maceió porque o acordo feito com o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), prevê que ele fique lá somente por 40 dias. Além disso, o custo da custódia do traficante está sendo elevado, pois a maior parte dos policiais é do Comando de Operações Táticas (COT), de Brasília. “Quando acabar o prazo teremos que tirá-lo. Começará tudo de novo”, afirma a fonte.

O desejo de Beira-Mar é retornar ao Rio de Janeiro onde mantém sua base de operações do tráfico de drogas. O argumento que irá usar, segundo contou a policiais que o transportaram da penitenciária de Presidente Bernardes para Alagoas, é uma declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, de que ele é um preso da Justiça do Rio. “Beira-Mar afirmou que iria recomendar a seus advogados que os recursos sejam baseados no que o ministro declarou”, disse um dos agentes que viajaram com o traficante. Os 30 dias em que ficou confinado em Presidente Bernardes, no interior de SP, serviram como “um castigo” para Beira-Mar. Pelo menos foi o que ele mesmo declarou aos policiais que o custodiaram até Maceió. Mesmo sem ter um interlocutor freqüente, os agentes preferiam ficar calados, Beira-Mar falou durante todo o trajeto, sempre se referindo à sua situação. Para Beira-Mar, a penitenciária onde ficou por 30 dias incomunicável não era adequada para uma pessoa normal.

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