Rio (AE) – Encerrada a campanha eleitoral de 2006, outros políticos podem ser considerados vitoriosos e derrotados no cenário nacional, além daqueles que concorreram à Presidência. Não necessariamente nas respectivas coligações: dos dois lados que disputaram o segundo turno presidencial há ganhadores e perdedores, que poderiam ser agrupados em dois grupos heterogêneos. Eles misturam, de um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores eleitos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), e, do outro, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (PMDB), o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) e o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini.
?De uma maneira geral, o grande vencedor é o presidente Lula, que durante 18 meses enfrentou um escândalo atrás do outro e uma mídia bastante crítica?, diz o cientista político Geraldo Tadeu Moreira Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). O time dos vencedores tem, segundo o pesquisador, dois fenômenos eleitorais: os governadores eleitos da Bahia, Jaques Wagner (PT) e do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB). ?Pelo tamanho da proeza, Wagner fez mais que o Serra?, disse Monteiro, lembrando que o petista protagonizou uma virada espetacular contra o favorito à reeleição, governador Paulo Souto (PFL).
Outro vencedor foi Eduardo Campos (PSB), governador eleito de Pernambuco. Já Serra e Aécio foram beneficiados por se tornarem alternativas naturais para os tucanos em 2010 – o que não aconteceria se Geraldo Alckmin se elegesse. Presidente, seria candidato natural à reeleição.
O grupo dos perdedores também tem políticos dos dois lados. Entre os oposicionistas, um dos destaques é o ex-presidente Fernando Henrique. ?Ele perde bastante, porque se envolveu diretamente com a campanha de Alckmin?, afirmou Monteiro. ?De certa forma colaborou com a estratégia de Lula de comparar o seu governo ao dos tucanos.? Outro ex-presidente, José Sarney, que apoiou Lula, enfrentou uma dura reeleição para o Senado no Amapá e, pior, viu a filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), perder a tentativa de se reeleger, para Jackson Lago (PDT). Também sofreram dura derrota os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati, e do PFL, senador Jorge Bornhausen.
Eles comandaram a estratégia de radicalização contra Lula e fracassaram. Outro senador, Antonio Carlos Magalhães, também perdeu: o governador da Bahia, Paulo Souto, era seu afilhado político. Anthony Garotinho (PMDB), ex-governador do Rio, não conseguiu ser candidato a presidente, apoiou Alckmin no segundo turno, mas foi duramente derrotado em seu estado.
Entre os políticos de projeção nacional, o único petista derrotado foi Ricardo Berzoini. Ele comandava o partido e a campanha do presidente Lula até a revelação do caso do dossiê Vedoin, tentativa de compra de documentos contra o PSDB. Depois que surgiram indícios de que poderia saber da operação, protagonizada por petistas, foi afastado da campanha e licenciou-se da presidência.