PFL inicia processo de expulsão de ACM

O deputado federal Onyx Lorenzoni (PFL-RS) apresentou ontem à presidência do PFL o pedido de abertura de processo para a expulsão do senador Antônio Carlos Magalhães (BA) dos quadros do partido.

O pedido de abertura do processo, já aceito pela presidência do PFL, foi feito com base na resolução do partido editada pela Executiva Nacional em outubro de 2002, que colocou o PFL na oposição ao governo Lula.

Presidente do PFL gaúcho, Onix, em seu pedido de expulsão, inclui apenas o senador Antônio Carlos porque foi ele quem coordenou todo o processo político que culminou no jantar de ontem entre os pefelistas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Este encontro só ocorreu porque houve atuação do ACM. Duvido que os demais senadores estivessem lá se não fosse sua articulação”, justificou.

Onix insistiu que o principal adversário do PFL em todo o Brasil é o PT e lamentou o encontro de companheiros de partido com o governo que “traiu os aposentados e os trabalhadores e agora quer construir um pensamento monolítico; a democracia precisa de situação e oposição e as urnas determinaram que nós pefelistas sejamos oposição”, disse.

ACM está sendo acusado de traição por ter ajudado a promover e participado do jantar de ontem entre parte dos senadores da oposição e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Lula e ACM, participaram do jantar de ontem, na casa do ministro José Dirceu (Casa Civil), os senadores Edison Lobão (PFL-MA), Roseana Sarney (PFL-MA), Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), João Ribeiro (PFL-TO), César Borges (PFL-BA) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA).

Relator

O deputado Eduardo Sciarra (PFL-PR) foi escolhido pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), para relatar o projeto de expulsão do senador Antônio Carlos Magalhães. Estreante em política, Sciarra foi eleito em 2002 para seu primeiro mandato como deputado federal e não tem vinculações com grupos políticos. Bornhausen anda às turras com ACM desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e já moveu, sem sucesso, um processo de expulsão de ACM no ano passado.

“É uma missão que vamos desempenhar com independência”, disse o relator, que ainda não tem idéia de quando entregará seu parecer à Executiva do partido, formada por 31 membros. O julgamento do processo será decidido por maioria simples. Uma vez notificado, ACM terá prazo de oito dias para apresentar sua defesa.

Presidente critica jantar

Brasília (AE) – O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, já havia criticado a iniciativa do senador Antônio Carlos Magalhães, de articular um jantar entre pefelistas e o presidente Lula, antes de receber o pedido de expulsão de ACM do partido.

“O encontro de ontem retrata a lastimável realidade da política brasileira. De um lado o comandante José Dirceu e seus comandados – o presidente Lula e ministro Aldo Rebelo – praticando um ato explícito de cooptação. De outro, o senador ACM oferecendo a adesão”, criticou Bornhausen.

Segundo ele, até fevereiro deste ano o grande cooptador do governo era o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, e agora passou a ser o presidente Lula “por ordem de Dirceu”. Bornhausen disse que fazia o protesto para deixar clara a postura de oposição fiscalizadora do PFL.

Ele lembrou que dos 1700 candidatos pefelistas em todos País, 1.430 são adversários do PT. “Não podemos, de forma nenhuma, aceitar esta triste cena da realidade da política brasileira”, insistiu, ao lembrar que o PFL está na oposição desde o dia 31 de dezembro de 2002, quando foi baixada uma resolução neste sentido pela Executiva Nacional.

Senador adia defesa

Brasília (AE) – O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que vai aguardar o resultado das eleições municipais de outubro para decidir que atitude tomar em relação ao pedido de expulsão dele do PFL, de iniciativa do deputado Onix Lorenzoni (PFL-RS). “Não conheço bem esse deputado. Sei que é candidato à prefeitura de Porto Alegre e está mal nas pesquisas”, disse ACM.

“Ele me trouxe, um dia, uma lingüiça especial de presente da sua terra. Esse é o pouco conhecimento que tenho dele.” ACM disse que não está levando isso a sério, não quis dizer que o PFL o persegue, mas fez críticas à direção do partido. “O partido não ouve aqueles que têm votos”, argumentou, referindo-se, por exemplo, ao prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, dado pelas pesquisas eleitorais como possível reeleito em primeiro turno e que, segundo ACM, não estaria sendo bem tratado pela direção partidária. “Não pode ser tratado de maneira ditatorial, hitleriana, por alguns da direção”, disse.

“O PFL não tem donos. Vamos ver o resultado das eleições para saber quem são os ganhadores e os perdedores.” Ele disse que está confiante na vitória de Cesar Maia no Rio e, se Onix sair forte das eleições, ele se renderá à sua força. “Mas, se vier fraquinho…”, ironizou.

ACM negou que, durante o jantar de senadores do PFL com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eles tenham tratado com ele de assuntos partidários e disse que não convidou nenhum senador para o encontro, mesmo porque todos os convites foram feitos pela Casa Civil da Presidência da República.

Embora considere Bornhausen “um bom presidente do PFL”, ele criticou o emperramento dele. “O temperamento dele, de querer ser ditador, não constrói”, disse. “Ele tem que ser como seu pai (Irineu Bornhausen) que, uma vez, quando eu tinha 30 anos, me pediu que o levasse para um encontro como o (então) presidente Juscelino Kubitschek.”

Acordo

ACM disse, depois de jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com outros seis senadores do PFL e o senador tucano Eduardo Siqueira Campos (TO), que não foi formalizado nenhum acordo com o governo em torno da aprovação dos projetos em discussão no Senado, como os que tratam das parcerias público-privadas (PPPs) e da biossegurança.

Lula está empenhado pessoalmente em aprovar as duas propostas consideradas prioritárias para o governo. Deixou claro, no jantar, que deseja o apoio dos senadores para a aprovação de projetos de interesse do País e pediu pressa nas votações. “Vamos apoiar as matérias que acharmos que mereçam ser apoiadas”, disse o senador ACM, depois do jantar. Ele adiantou que, se modificado, seu grupo político apoiará o projeto das PPPs e que o interlocutor junto ao governo para discutir alterações será o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA).

Juntamente com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ACM articulou o jantar com Lula. “Vejo esse diálogo como indispensável para o País, e vamos defender o que é bom para o País”, completou o senador baiano, saindo satisfeito do encontro. Ele levou para o jantar o senador César Borges (PFL-BA), que disputa a prefeitura de Salvador, concorrendo com o PT. Lula não se intimidou em posar ao lado de César Borges e foram, inclusive, conversando para a sessão de fotos nos jardins da residência de José Dirceu, onde foi realizado o jantar.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo