Foto: João de Noronha/O Estado |
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Presidente Lula: ?Todo mundo sabe que o meu número é o 13, do Zagallo?. |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem em Petrolina, cidade pernambucana às margens do Rio São Francisco, no semi-árido, que não vai deixar o adversário Geraldo Alckmin (PSDB) falar ?grosso? sobre ética e corrupção no debate de domingo na TV Bandeirantes.
Depois de uma carreata, na vizinha Juazeiro, na Bahia, Lula fez uso político mais uma vez do dossiê Vedoin, que antes condenou e disse ter sido montado por ?aloprados?. ?A questão das sanguessugas começou em 2001, quando (José) Serra era o ministro da Saúde deste país?, atacou. ?De todas as prefeituras envolvidas, 80% delas são do PFL e do PSDB.?
Pouco antes, Lula tinha recebido a informação de que o deputado eleito Ricardo Berzoini (PT-SP) tinha anunciado o afastamento da presidência do PT. A saída de Berzoini, na avaliação de assessores do presidente, era necessária para que Lula pudesse argumentar no debate que um influente citado no escândalo do dossiê foi punido pelo partido. ?Se querem discutir ética, vamos discutir?, disse Lula, ainda em Juazeiro. ?Nem PFL nem PSDB têm moral para dar lição de ética em quem quer que seja.?
Já em Petrolina, Lula afirmou que o ex-ministro dele da Saúde Humberto Costa foi vítima de uma ?armação? às vésperas do primeiro turno, quando foi indiciado por suposto envolvimento com os sanguessugas. Diferentemente do que disse o presidente, Humberto Costa, derrotado na eleição para o governo de Pernambuco, foi indiciado pela Polícia Federal por causa de outro escândalo na saúde, o esquema dos vampiros, que superfaturava hemoderivados.
Antes, Lula fez uma carreata de mais de uma hora pelas ruas da cidade baiana de Juazeiro, do outro lado do São Francisco. Em um jipe aberto, ele, o governador eleito da Bahia, Jacques Wagner (PT), e as mulheres, respectivamente, Marisa Letícia e Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, comemoraram a derrota do ?carlismo?, grupo do senador Antônio Carlos Magalhães que controla há 16 anos a máquina do estado. ?É uma alegria nacional?, disse Lula num ato em Juazeiro, diante de bandeiras do MST e de diferentes partidos chamados de esquerda.
O presidente, porém, comemorou a derrota de ACM como o senador costumou fazer. Lula abusou de citações místicas nos discursos, enfatizou a origem nordestina, fez cumprimentos na rua e estendeu o braço para ter as mãos beijadas por simpatizantes durante a carreata. Envolvido pelo clima das ruas de Juazeiro, o presidente chegou a dizer ter orgulho até da memória do pai, seu Aristides Inácio da Silva, algo que não costuma fazer, para destacar a origem nordestina. ?Devo muito a São Paulo; e tenho orgulho de dizer que corre nas minhas veias o sangue nordestino de minha mãe, de meu pai e de minha gente.? Wagner disse que os adversários de ACM fizeram ?barba, cabelo e bigode? no primeiro turno, elegendo também o senador – João Durval (PDT). ?O único imbatível que eu conheço está lá em cima?, ironizou Wagner.
Lula acusou a oposição de crime eleitoral. Ele exibiu santinhos falsificados em que sua imagem aparece com o número 45, de Alckmin. ?Tem um grupo político paraguaio, falsificado?, reclamou, sem dar importância à diplomacia com o Paraguai. ?Tenho cara de tudo, mas não tenho cara de tucano?, ironizou. ?Todo mundo sabe que meu número é o 13, do Zagallo.?
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