Foto: Marcos D’Paula/Agência Estado |
Cesar Maia e Alckmin durante visita ao Centro de Tradições Nordestinas em São Cristóvão, no Rio. continua após a publicidade |
O prefeito do Rio de Janeiro e vice-presidente nacional do PFL, César Maia, oficializou ontem a decisão do partido de não lançar candidatura própria e apoiar a indicação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à Presidência da República. O prefeito e o governador estiveram reunidos por quase duas horas antes de Maia anunciar a decisão. Depois, fizeram juntos um primeiro corpo-a-corpo no Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, na zona norte.
"O Rio foi uma porta de entrada da campanha de Alckmin no Nordeste", definiu Maia, que no trajeto chegou várias vezes a receber apoio de populares para uma eventual candidatura. O apoio, entretanto, só está oficializado em nível nacional.
Segundo César Maia, os caciques dos dois partidos, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati e do PFL, Jorge Borhaunsen, ainda devem analisar a "singularidade" de cada um dos estados para formarem em conjunto as composições regionais. "Garanto que não há problemas regionais que possam se interpor ao nosso apoio ao governador", afirmou.
Indagado por jornalistas se teria deixado para trás sua preferência explícita pelo prefeito de São Paulo, José Serra, nesta campanha e aderido à onda "alckmista", o prefeito apenas comentou: "Estou me esforçando. Digamos que agora que me casei, eu não vou ficar me perguntando se teria sido melhor com minha ex-namorada".
Para Alckmin, a aliança é importante para vencer as eleições e para compor os quadros do governo para "mudar o País" "A qualidade do governo depende das pessoas que o compõem. O que temos aí hoje é um deboche. É lamentável que vejamos cenas desse tipo", disse ele se referindo especificamente à dança da deputada do PT, Ângela Guadagnin, ao comemorar a absolvição de seu companheiro João Magno (PT-MG) no seu processo de cassação. "A política não pode ser feita para companheiros, mas sim para o povo", completou.
O governador de São Paulo, aproveitou ainda a chance de criticar diretamente o ministro Antônio Palocci, ao afirmar que o "cerco" ao caseiro Francenildo Santos Costa, que está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), subordinado ao Ministério da Fazenda. "Esta atitude mostra um perfil autoritário de quem não tem compromisso com valores e princípios que deveriam nortear a vida democrática", afirmou.
Apesar da crítica feita ao governo, Alckmin foi cobrado por César Maia para apresentar uma campanha mais agressiva. "Quando há a chance de uma reeleição, o candidato da situação já sai em vantagem. E só o que é muito diferente consegue fazer com que o público queira mudar", argumentou.
Para Alckmin, a cobrança do prefeito é positiva, mas o ritmo só vai ser ditado no decorrer da campanha. "Teremos, como em qualquer campanha, confrontos de propostas. Nós vamos nos concentrar nos nossos projetos."
Da mesma forma que apareceu no cenário atropelando o favorito tucano, José Serra, Alckmin pretende imprimir um mesmo ritmo na disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cheio de confiança, ele disse que acredita em uma vitória ainda no primeiro turno da eleição de outubro. Para o tucano isso seria possível, apesar de Lula estar à frente nas pesquisas no caso de a verticalização resultar em um número reduzido de candidatos na disputa.
"O fato de a verticalização ter sido mantida para as eleições deste ano pelo Supremo Tribunal Federal pode reduzir o número de candidatos. Depende da avaliação de cada partido. Se isso acontecer, teremos uma eleição mais plebiscitária e vamos ganhar no primeiro turno", declarou Alckmin, no Rio, ao desembarcar no aeroporto Santos Dumont. "Confio na mudança. Acho que a população brasileira tem o sentimento de que o Brasil pode avançar mais."
Sobre a aliança com o PFL, ele disse que "vamos estar unidos já no primeiro turno para servir ao Brasil". "É importante a aliança para ganhar a eleição e para governar, para cumprir o programa, as metas, para poder fazer as reformas estruturantes de que o Brasil precisa." Ele observou que o quadro político brasileiro é pluripartidário, não bipartidário, e pretende construir uma ampla aliança em torno de seu nome.