PF teme conflitos armados no Paraná

Num levantamento feito nos dois últimos meses sobre o recrudescimento da violência no campo, a Polícia Federal identificou três regiões de potenciais conflitos entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e milícias armadas: o Pontal do Paranapanema, em São Paulo; Guarapuava, no Paraná; e São Gabriel, no Rio Grande do Sul.

Brasília – O diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou que “vamos entrar pesado para desarmar e prender as milícias armadas, sejam elas do MST ou dos fazendeiros. Não vamos tolerar abusos”. Segundo ele, em Guarapuava, um grupo de fazendeiros criou o 1.º. Comando Rural e contratou pistoleiros para fazer frente a crescente concentração de sem terra em estradas do município e em cidades vizinhas como Palmital, Laranjal e Marquinho. A PF já identificou alguns fazendeiros do 1.º. Comando e seguranças que estariam prestando serviços para a organização.

O clima é tenso também nas imediações de São Gabriel, palco de uma longa marcha de sem-terra. Segundo a PF, os fazendeiros da região estão usando táticas de mobilização de massa típica do MST. Diante de determinada situação, um fazendeiro alerta quatro outros proprietários e cada um destes se encarrega de convocar mais quadros e assim por diante. Em pouco tempo eles se juntam e, muitas vezes armados, tentam barrar ações dos sem-terra.

O Pontal é considerado explosivo devido ao longo histórico de conflitos e da grande quantidade de sem-terra na região. Para complicar, muitos títulos de propriedade são precários o que acirra ainda mais a disputa pela terra. A PF vê com preocupação também disputas no Pará, Minas Gerais e Pernambuco.

Em análises reservadas, a PF aponta também o Movimento dos Sem Teto e o alastramento dos camelôs, inclusive pelas cidades do interior, como focos de tensão. Mas considera que tanto os sem-teto quanto os camelôs não têm uma organização nacional, como o MST. Os sem-teto estão mais localizados em São Paulo e os camelôs, embora presentes em todo o país, não têm um comando central. “Se não fosse a capacidade de negociações de muitos integrantes deste governo, a situação poderia estar bem pior”, disse Lacerda.

Segundo a PF, somente no campo, chega a 71 o número de grupos envolvidos em conflitos e ocupações, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Além do MST, há 22 federações ligadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e outras 25 entidades que começam com o nome movimento. Entre estes, existem o Movimento dos Sem Terra Independente, o Movimento de Libertação dos Sem Terra e até o Movimento dos Carentes Sem Terra.

O presidente da Contag, Manoel dos Santos, acha que o governo deve dar prioridade às famílias acampadas.

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