Brasília
– A Polícia Federal pedirá à Justiça nesta semana a quebra do sigilo das operações de câmbio realizadas pelos bancos do Brasil, Araucária, Real, Rural e Bemge entre 1996 e 2000. A PF decidiu abrir esta nova frente de investigação depois da conclusão do laudo do caso Banestado. Pelo documento, esses cinco bancos e o Banestado enviaram US$ 24 bilhões para o exterior, sobretudo entre 1996 e 1997. O laudo, elaborado por uma equipe de peritos da PF, afirma que, deste montante, pelo menos US$ 14 bilhões são de origem ilegal.Esta é a primeira vez que a PF faz o cálculo do suposto esquema de remessas ilegais a partir de contas CC5 em Foz do Iguaçu. Pelos dados oficiais, o Banestado, campeão em remessas, mandou US$ 5,65 bilhões para sua agência em Nova York. Em segundo lugar, está o Rural que, mesmo depois de ser investigado pela CPI do PC no início da década de 90, conseguiu mandar US$ 4,85 bilhões para o exterior pelo esquema das CC5.
Em seguida vem o Araucária (US$ 5,1 bilhões), o Bemge (US$ 4 bilhões) e o Real (US$ 400 milhões). Com a ajuda da Receita Federal, a PF descobriu que o dinheiro foi remetido ao exterior por 3.800 pessoas a partir de depósitos em contas de 300 laranjas. Neste emaranhado de dados, um número chamou a atenção. Pelas informações obtidas, 95% dos recursos enviados pelo Araucária teriam passado por contas de correntistas fictícios. O Banco Araucária está em fase de liquidação extrajudicial.
Subfaturamento
O laudo da PF indica também que mais da metade dos recursos enviados de forma supostamente ilegal podem ter como origem o subfaturamento de importações, a movimentação de caixa dois de grandes empresas e até pagamentos do narcotráfico e contrabando de armas. Os laranjas e as contas CC5 teriam sido utilizados para escamotear a origem de recursos sem lastro ou para evitar o pagamento de impostos.
A partir de agora, caso o pedido de quebra do sigilo cambial seja autorizado, a PF espera chegar aos beneficiários das remessas no exterior. Só aí será possível fechar o ciclo da movimentação financeira e saber quem, de fato, se apropriou de recursos públicos.