A Polícia Federal (PF) prendeu o suspeito de ser o último dos mentores, que estava em liberdade, do roubo milionário ao Banco Central (BC) de Fortaleza, no Ceará, em agosto de 2005, quando foram levados R$ 164,7 milhões. Moisés Teixeira da Silva, conhecido como “Cabelo”, foi preso na sexta-feira no bairro de Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, segundo informou o Chefe da Divisão da Repressão a Crimes contra o Patrimônio da PF, delegado Antônio Celso dos Santos.
De acordo com o delegado, Silva, de 39 anos, vinha sendo acompanhado por agentes da corporação havia mais de um ano. “Ele usava várias formas para se manter longe da polícia, usando nome falso, chegou a fazer tratamento de pele e até fez implante de cabelo”, disse. Há cerca de três meses, os policiais intensificaram a vigilância e junto com informações de moradores do bairro foi possível identificar os veículos usados por ele para despistar a polícia. O delegado afirmou que até mesmo para se encontrar com a esposa, Silva contava com a ajuda de terceiros.
A estratégia para a prisão começou na quarta-feira da semana passada. A ação, de acordo com Santos, foi montada na garagem do prédio. Um carro foi colocado atrás do veículo de Silva e o manobrista do edifício avisou o suspeito sobre uma colisão com seu carro. Foi então que a PF deteve Silva. De acordo com o delegado, o suspeito foi um dos fugitivos do extinto Complexo do Carandiru, na zona norte de São Paulo, quando 102 detentos fugiram em 2001. Ele foi levado para Brasília, onde aguarda transferência, possivelmente para Fortaleza, disse Santos.
O assalto milionário ocorreu num feriado prolongado em agosto de 2005. A perseguição aos criminosos começou com um cartão de telefone pré-pago, esquecido por um deles no túnel usado para roubar o BC. A quebra do sigilo telefônico permitiu chegar aos números usados pela quadrilha, endereços e nomes.
Após três anos de buscas, em novembro do ano passado, a PF deu por encerrada a Operação Toupeira, que investigou a quadrilha responsável pelo roubo, o maior do Brasil. Dos 36 membros originais do grupo, quase todos foram detidos, disse o delegado. Um dos integrantes ainda está foragido e quatro foram mortos.
Do dinheiro levado, apenas cerca de R$ 50 milhões foram recuperados, sendo R$ 19,8 milhões em espécie e pouco mais de R$ 30 milhões em bens – fazendas, mansões, empresas, imóveis diversos, carros, barcos, joias e até títulos de investimento. A PF acredita que outros R$ 30 milhões foram extorquidos por policiais em diversas partes do País, nove deles já presos. Entre os agentes detidos, cinco são de São Paulo – três já soltos para responderem em liberdade – e quatro do Ceará.