Catorze pessoas foram presas hoje em São Paulo e em outros sete municípios do Estado durante a Operação Usurpação, da Polícia Federal (PF), cujo objetivo era desmantelar uma quadrilha especializada em coagir organizadores de festas e eventos a contratar uma empresa de segurança privada que tem entre os proprietários policiais civis.
As prisões ocorreram Osasco, Itapetininga, Tatuí, Cerquilho, Alambari, Quadra, São Miguel Arcanjo e na capital paulista, onde foram cumpridos 14 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal de Itapetininga. Dentre os locais de busca estão as Prefeituras de Itapetininga, Cerquilho, Tatuí, Quadra, São Miguel Arcanjo e Alambari e duas unidades da Polícia Civil de Itapetininga.
Foram presos quatro policiais civis, um secretário de Itapetininga, um advogado e mais oito pessoas acusadas de envolvimento em dez crimes: formação de quadrilha, concussão, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa, crimes contra a ordem tributária, peculato, prevaricação, porte ilegal de arma de fogo e fraudes em licitações.
Esquema
Segundo a PF, os policiais civis identificavam o responsável pelo evento social, faziam contato com ele (por telefone ou por meio de ofício da Polícia Civil) e o coagiam a contratar a empresa da qual são donos, a Itapê Security, usando o falso argumento de que se tratava da única empresa que atuava conforme a legislação.
O organizador da festa se via obrigado a contratar essa empresa e a aceitar o preço oferecido. Entre as vítimas dessas extorsões estão uma unidade da Apae e um asilo, que foram obrigados a contratar a empresa para festas beneficentes que promoveram.
Os policiais usavam a estrutura policial para atender aos clientes da empresa de segurança privada. Há indícios de que foram usados recursos da Polícia Civil a fim de reforçar a segurança de eventos para os quais a Itapê era contratada.
Fraudes
Durante as investigações, foram descobertas fraudes em licitações promovidas pelas prefeituras onde se realizaram as buscas. De acordo com a polícia, mediante acerto prévio com funcionários municipais, era feito um procedimento de licitação com propostas encaminhadas exclusivamente pela organização criminosa, conferindo aparência de legalidade ao contrato administrativo que, na verdade, era direcionado às empresas ligadas à quadrilha, sem que houvesse qualquer concorrência.
