Brasília – O combate ao tráfico de animais e vegetais ganhou hoje um reforço, com o lançamento do Projeto Drake pela Polícia Federal. O projeto prevê a criação de 27 delegacias especializadas em meio ambiente e patrimônio histórico em todas as unidades da federação. A primeira foi instalada no Distrito Federal.
O tráfico internacional de animais movimenta US$ 10 bilhões por ano em todo o mundo. Só o Brasil é responsável por US$ 1,5 bilhão, o equivalente a 15%.. Segundo o Departamento de Polícia Federal, a cada ano, 12 milhões de animais, a maioria integrante da lista de espécies em extinção, são apanhados na fauna brasileira. Deste total, 3,6 milhões são vendidos no exterior.
?Os números são assustadores. É um comércio ilícito extremamente lucrativo e cada vez mais convidativo, uma vez que não há reprimenda penal que iniba de fato e efetivamente que esses transgressores ambientais?, afirmou o coordenador de Prevenção e Repressão contra Crimes Ambientais da Polícia Federal, delegado Jorge Barbosa Pontes.
O Projeto Drake prevê a realização de operações de repressão ostensivas em portos e aeroportos e a realização de campanhas de alerta e educação em todo o país. Os cartazes da campanha foram desenhados pelo cartunista Ziraldo e serão colocados em órgãos públicos, escolas, universidades, hotéis e embaixadas. O cartunista contou que a idéia do cartaz partiu do delegado Jorge Barbosa Pontes. ?A idéia é dele, não é minha não. Só que ele passou para mim e ficou bonitinho?, brincou.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, elogiou o trabalho do artista. Segundo Bastos, ao ver o cartaz, imediatamente, a pessoa perceberia a ?fria? em que estaria entrando se traficasse animais.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva ressaltou que a sociedade deve colaborar no combate ao crime contra a natureza. ?É impossível você ter um fiscal do Ibama ou da Polícia Federal ao lado de cada planta, de cada fungo, de cada bactéria. Isso só tem eficiência se nós fizermos a nossa parte e a sociedade também fizer a parte dela?, afirmou.
A lista oficial de animais em extinção, que continha 219 espécies em 1989, agora é constituída de 388 itens. O tráfico de exemplares da fauna brasileira é um negócio ilegal altamente rentável, devido ao preço de comercialização dos animais no mercado negro. Entre os mais valorizados está a arara azul de Lear, que chega a valer US$ 100 mil. Já o mico-leão dourado custa US$ 20 mil, mesma cotação do papagaio da cara roxa e da jararaca-ilhoa.
Na lista dos felinos, um dos mais caros é a jaguatirica, que é vendida por US$ 10 mil. Para confeccionar um casaco de pele desse mamífero, é preciso investir cerca de US$ 200 mil, já que são necessárias 20 jaguatiricas para fazer a peça de roupa.
As cotações de alguns desses animais no mercado negro são as seguintes: papagaio da cara roxa, US$ 20 mil; ararajuba, US$ 12 mil; jaguatirica, US$ 10 mil; iguana, US$ 3 mil; sucuri, US$ 3 mil; papagaio comum, US$ 2 mil; pepinos do mar, US$ 150/kg.