Brasília (AE) – O governo deverá apresentar até a próxima sexta-feira um relatório sobre as investigações das denúncias de corrupção na administração federal. Em reunião do ?gabinete da crise? na manhã de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros avaliaram que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, que divulgará nesta semana um outro relatório, tem de dividir os holofotes. O Poder Executivo pretende mostrar que, por meio da Polícia Federal (PF) ?avançou muito mais? na apuração dos crimes do que a oposição e os aliados adeptos do ?fogo amigo?.
No relatório do Executivo preparado por agentes federais e assessores diretos do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, deverão estar incluídos dados dos quatro inquéritos abertos pela PF desde o início da crise política. São eles: o esquema do ?mensalão? e as denúncias de corrupção no IRB, nos Correios e na empresa Furnas Centrais Elétricas.
O documento ressaltará que a PF pediu a prisão do empresário e suposto operador do ?mensalão?, Marcos Valério Fernandes de Souza, mas que a Justiça negou.
Também destacará que há possibilidade de propor, diretamente, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o indiciamento de parlamentares que receberam dinheiro de Valério.
Tormenta
Durante o encontro do gabinete da crise, Lula reclamou que a oposição está ?inflando? a crise política. Ele não aceita a tese, cada vez mais clara na avaliação de adversários, de que a corrupção se generalizou na União. ?Há exagero de retórica da oposição?, teria queixado-se, segundo um ministro. ?É preciso saber se essa tormenta corresponde à verdade?, também teria reclamado.
Lula pediu a Bastos informações diárias dos trabalhos da PF. O presidente disse querer saber, por exemplo, se são verdadeiras as notícias de que órgãos federais dificultariam o repasse de informações para as comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Ele quer um monitoramento diário por parte dos agentes federais para separar o ?joio do trigo?.
O relatório informará que, até o momento, foram ouvidas cerca de 50 testemunhas, ocorreram dezenas de buscas e apreensões e foi pedida a prisão de nove envolvidos nos escândalos. O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, que aparece numa gravação, supostamente, cobrando propina, é outro que teve a prisão pedida pela PF. A Justiça neste caso também não aceitou. O Palácio do Planalto tentará mostrar, neste documento, que a PF e o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça foram imprescindíveis nos trabalhos da CPMI dos Correios.