PF investigará grupo de assessores de Roriz

Brasília

  – A partir de segunda-feira (02), um grupo de delegados da Polícia Federal (PF) e procuradores da República começa a investigar o envolvimento de assessores do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), e integrantes do Poder Judiciário local com grileiros de terra. Hoje, o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, ligou para o diretor-geral da PF, Armando Possa, que está na França, determinando a entrada imediata da instituição no caso.

O grupo, chamado de Missão Especial, não terá prazo determinado para encerrar o trabalho e centralizará as ações nas escutas telefônicas onde há a suposta ligação entre secretários de Roriz, um desembargador e o deputado distrital eleito Pedro Passos, acusado de grilagem de terra no Distrito Federal. Numa das conversas, Passos demonstra ter relações pessoais com o desembargador Wellington Medeiros e também com o secretário de Comunicação Social do DF, Weligton Moraes, além do presidente da Terracap – a empresa imobiliária do DF – Eri Varela.

Uma das determinações dadas por Paulo Tarso é acelerar as investigações, mas sem vazamentos, para evitar que a apuração seja prejudicada. “Não haverá vedetismo”, afirma uma das fontes da PF envolvidas na missão. Apesar do impacto que as gravações causaram no governo federal, depois da divulgação pela imprensa, até agora, não há indícios de envolvimento direto de Roriz no caso. Para dar mais abrangências às investigações, o governo optou por convidar o Ministério Público Federal (MPF) para participar da missão especial, que será comandada pela PF. “Evidentemente que a possibilidade de contar com a ajuda do Ministério Público Federal é sempre importantíssima, como foi em outras missões no País”, afirmou Paulo de Tarso, durante a solenidade de condecoração de autoridades pelo Ministério da Defesa.

Exoneração

Joaquim Roriz aceitou o pedido de exoneração apresentado pelo secretariado, com exceção dos secretários de Fazenda, Valdivino José Oliveira, da Saúde, Bernardino Siqueira, e de Segurança Pública, coronel Athos Costa de Farias. O presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Souza, e o procurador-geral, Miguel Farage, também foram mantidos nos cargos. Os secretários pediram exoneração com um ato coletivo em função da crise política que Roriz enfrenta desde a campanha eleitoral, quando o governo distrital foi envolvido em denúncias de grilagem de terras públicas.

Ele criou o cargo de porta-voz, que será ocupado pelo jornalista Paulo Fona. A modificação no secretariado foi o primeiro anúncio de Fona, que ocupará a função, em princípio, até 31 de dezembro. Os secretários, segundo ele, puseram os empregos à disposição, antecipando em 15 dias as substituições que estavam programadas para comportar as novas alianças firmadas por Roriz durante a campanha eleitoral.

Retorno de investimento

Guilherme Voitch

Em ano de eleições, 58% das empresas que fazem financiamentos para campanhas eleitorais esperam obter vantagens com as doações. Esse é um dos principais resultados do questionário distribuído para mais de 3500 pessoas pela empresa de Consultoria em Gerenciamento de Risco Kroll e pela ONG Transparência Brasil. O trabalho teve início há mais de um ano e nasceu da idéia de questionar funcionários de alto escalão de grandes empresas nacionais e multinacionais sobre fraude e corrupção. Mais de cem empresas foram convidadas a responder à pesquisa, através de um site na internet.

Segundo o presidente da Kroll, Eduardo Sampaio, a questão dos financiamentos foi uma das mais reveladoras. O questionário perguntava se a empresa havia se sentido compelida financiar candidatos ou partidos. Do universo de corporações que disse sim, nenhuma afirmou que não teve a intenção de se beneficiar com as doações. “58% das empresas disseram que esperavam receber vantagens”, disse.

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