Vitória
– Conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal (PF) apresentam indícios de que pelo menos seis deputados estaduais, supostamente, envolveram-se no pagamento de propina para aprovar a privatização do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). Segundo as gravações obtidas pela PF, o processo para a aprovação da emenda autorizando a privatização do banco foi negociado pelo secretário de Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo, Jorge Hélio Leal, e pelo empresário Carlos Guilherme Lima, preso anteontem e acusado pela PF de ser “operador financeiro do crime organizado” no Estado.Entre os deputados estaduais investigados pela PF, estão o líder do governo na Assembléia Legislativa do Estado, Gumercindo Vinand (PGT), e Luiz Pereira (PFL), Camilo Araújo (PPB), Robson Neves (PFL), Paulo Loureiro (PFL) e Mateus Vasconcelos (PRTB). Ontem (12), o governo suspendeu a venda da instituição financeira, mas alegou que o fez porque só havia um concorrente, o Bradesco, para o leilão.
Em quase todas as conversações, possivelmente, acertam-se detalhes da “gratificação” de R$ 80 mil a cada deputado, em troca do voto pela venda do banco do Estado. Num dos trechos interceptados pela PF com autorização judicial, Vinand, presumivelmente, reclama com Leal de ter recebido “somente” R$ 74 mil, em lugar dos R$ 80 mil, supostamente, prometidos. “Se não está tudo aí, eu tenho de repor-lhe”, diz o secretário de Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo, na fita. “Eu mesmo separei tudo e fiz a conta. Quem apanhou aquilo foi o Paulo (Loureiro). Coloquei dois embrulhos dentro da sacola verde. O seu e o dele. Ele é que tirou esse troço”, diz. “Não foi ele não, a gente estava junto”, responde o deputado Vinand. “Não tinha quatro pacotes de 10?”, diz o secretário. “Não, só tinha dois”, responde o líder do governo na Assembléia Legislativa do Espírito Santo. Outro diálogo mostra Leal, aparentemente, aconselhando Neves a tomar cuidado com os deputados Vasconcelos e Loureiro. “Os dois são vigaristas. Você sabe de quem eu estou falando. Do ?Mateusão? (Mateus Vasconcelos) e Paulo Loureiro”, aconselha o secretário.
O deputado estadual do PFL responde: “Eles estão ajudando a rachar o grupão que se formou.” Em outro registro, Leal é procurado por Pereira, que, possivelmente, reclama que ainda não recebeu o dinheiro. O secretário de Transportes e Obras Públicas responde: “O do Camilo eu já fiz, falta só o seu. Daqui a pouco.”