Trinta pessoas foram presas, ontem, nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Amazonas, suspeitas de cometer crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, contrabando, descaminho de mercadorias e formação de quadrilha. As prisões – acompanhadas do cumprimento de mandados de busca e apreensão de possíveis provas materiais dos crimes – foram resultado de duas grandes operações, batizadas de Babilônia e Canil, realizadas pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Receita Federal.
A operação Babilônia resultou na prisão de oito pessoas no Rio de Janeiro e São Paulo. A quadrilha – suspeita de ser comandada pelo advogado Chaim Henoch Zalcberg – é apontada como executora dos crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas para diversas empresas. Junto com o advogado foram presos seu sócios no escritório de advocacia Zalcberg Advogados Associados e supostos laranjas.
Já a operação Canil cumpriu 22 mandados de prisão entre os estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Amazonas. Somente no Estado doze pessoas foram presas, nas cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu e Maringá – uma delas, em Foz, foi flagrada com mercadorias fruto de descaminho e computadores contendo arquivos com notas fiscais falsas. A quadrilha seria responsável por falsificar as notas para "esquentar" as mercadorias ilegais – principalmente equipamentos de informática e eletrônicos -, trazidas de Ciudad del Este (Paraguai) e de Miami (Estados Unidos).
O contrabando, suspeita a polícia, era feito por meio de transportadoras e pelos Correios, chegando às mãos de empresas e lojas de informática com as notas frias emitidas em Ribeirão Preto e despachadas para Foz com o remetente "Casa do Cachorro", nome que inspirou a operação. Em Ribeirão, de onde partia o comando do esquema, foi preso o suposto mentor da quadrilha, João Marcos Cosso, já conhecido da polícia por envolvimento em contrabando. O valor total dos tributos sonegados ainda deve ser levantado. As investigações decorrem desde março deste ano.
Golpe pode chegar a US$ 30 mi
Enquanto a Operação Canil cumpriu todos os mandados de busca e apreensão emitidos pela Primeira Vara Criminal de Foz do Iguaçu, até a noite de ontem a Babilônia ainda contabilizava dois foragidos do grupo ligado a Chaim Henoch. Antônio Wanis Filho é um deles, também advogado; o outro, um uruguaio que dava suporte ao esquema no exterior – uma vez que as suspeitas apontam criação de empresas off shore a partir do escritório de Chaim, abertas em paraísos fiscais para lavar dinheiro de caixa dois dos empresários envolvidos.
A partir da documentação e equipamentos apreendidos pelos 38 mandados cumpridos pela operação Babilônia, a PF objetiva chegar ao nome das empresas que se beneficiavam das articulações ilegais. A Polícia Federal calcula que podem passar de 30. A estimativa é que as fraudes cheguem a um prejuízo mínimo de US$ 30 milhões aos cofres públicos.
Os crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas podem resultar em até 15 anos de prisão. (LM)
