Foto: Arquivo/O Estado |
Ney Suassuna: participação na máfia das ambulâncias. |
A Polícia Federal (PF) indiciou ontem a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Celcita e Suassuna são acusados de participação na máfia das ambulâncias.
Apesar de absolvidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, eles devem responder ao processo na Justiça comum, caso o Ministério Público Federal (MPF) ofereça denúncia, pois não se reelegeram em outubro e, portanto, ficaram sem foro privilegiado.
Também foram indiciados os deputados Amauri Gasques (PL-SP), Almeida de Jesus (PL-CE), Edna Macedo (PTB-SP), João Correia (PMDB-AC), Jonival Lucas Júnior (PTB-BA), Júnior Betão (PL-AC), Nilton Capixaba (PTB-RO), Paulo Feijó (PSDB-RJ), César Bandeira (PFL-MA), João Grandão (PT-MS), Reginaldo Germano (PP-BA), Neuton Lima (PT-SP), Tetê Bezerra (PMDB-MT) e Vanderlei Assis (PP-SP). Contudo, a PF não especificou os crimes atribuídos a cada um, mas informou que a tipificação dos investigados nos 76 inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido quase a mesma.
A expectativa é que algumas investigações sejam concluídas em fevereiro e outras em março, prazo final. Dos parlamentares do Mato Grosso – Estado onde os Vedoin se instalaram para, supostamente, comandar a máfia dos sanguessugas – são investigados os reeleitos Pedro Henry (PP), Welinton Fagundes (PR), Ricarte de Freitas (PTB) e Lino Rossi (PP). Fagundes e Freitas estão sem mandato.
Apesar da possibilidade de os parlamentares que perderam o mandato responderem a processo na Justiça comum, a decisão final cabe ao STF. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região conduz outras apurações sobre a participação de prefeitos e ex-prefeitos na máfia. No total, entre congressistas e prefeitos, são 118 inquéritos.
Acusações
O empresário Luiz Antônio Vedoin disse em 2006 à Justiça Federal que, em 2002, deu R$ 50 mil a Celcita para ajudar na campanha eleitoral, por meio de dois cheques de R$ 25 mil da empresa Santa Maria, da família Vedoin. Posteriormente, a quantia seria reembolsada por meio de emendas ao Orçamento da União para compra de unidades móveis de saúde.
O pai do empresário, Darci Vedoin, confirmou que ela recebeu os dois cheques como ajuda para a campanha, mas disse que foram devolvidos por falta de fundos. A deputada do PFL do Mato Grosso, de acordo com Antônio e Darci Vedoin, era quem indicava as prefeituras a serem beneficiadas com as emendas e fazia o primeiro contato com os prefeitos para acertar a fraude das licitações.
Já o relatório elaborado pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM), do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, pedia a cassação do mandato de Suassuna por condescendência criminosa pelo suposto envolvimento do ex-assessor dele Marcelo de Carvalho com o esquema dos sanguessugas. Carvalho foi acusado de receber R$ 225 mil em propina dos Vedoin.