São Paulo
– Foi numa casa de câmbio e no escritório de contabilidade do empresário Law King Chong que os agentes da Polícia Federal (PF) encontraram novas provas contra o homem que acusam de ser o maior contrabandista do País. Foram apreendidos mais de R$ 100 mil, dólares, computadores e documentos. Law foi preso na terça-feira e acusado de tentar comprar por US$ 1,5 milhão o deputado Luiz Antônio Medeiros (PL-SP), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pirataria. O dinheiro serviria para retirar do relatório final da CPI o nome de Chong.Quase duas dúzias de computadores e 120 caixas com documentos foram recolhidos na casa de câmbio Satélite Turismo, na Rua Galvão Bueno, na Liberdade, centro de São Paulo, e no escritório de contabilidade de Chong, na Avenida Senador Queirós, no centro. Na Satélite, havia R$ 93 mil, US$ 3 mil e 12 computadores. No escritório, foram achados R$ 25 mil – ontem os policiais haviam apreendido US$ 58,8 mil com o despachante aduaneiro Pedro Landolfo Sarlo, intermediário de Chong no suborno. “Tudo será examinado em Brasília”, afirmou o delegado Daniel Sampaio, do Comando de Operações Táticas (COT), da PF.
A apuração que terminou na prisão de Chong começou quando o deputado procurou a PF em Brasília e comunicou a tentativa de suborno. A polícia passou a acompanhar a negociação. Foram cinco encontros em São Paulo entre um agente da CPI e o despachante. Uma sexta reunião ocorreu entre Chong e o deputado em Araraquara, no interior do estado. Chong e o despachante foram detidos anteontem em São Paulo. Na manhã de ontem, foram levados a Brasília. O advogado Élcio Scapaticio, que defende Chong, disse que pedirá a revogação da prisão do cliente. Caso a Justiça negue, pedirá habeas-corpus.
A prisão de Chong pode provocar uma nova crise na Superintendência da PF em São Paulo. Delegados reunidos ontem na federação nacional da categoria decidiram apresentar em assembléia a proposta de pedido coletivo de transferência do órgão. Dizem que, se há em Brasília suspeita contra os homens da PF em São Paulo, o comando deve manifestar-se.
“Se há suspeição, queremos deixar claro que não fazemos parte desse pacote”, disse o delegado Armando Coelho, presidente da federação. Sua reação e a de seus colegas se deve ao fato de mais uma vez os homens que trabalham na sede da PF em São Paulo terem sido deixados de fora de uma operação contra o crime organizado – no caso, a prisão de Chong – como já havia ocorrido na Operação Anaconda.