A Polícia Federal anunciou na quarta-feira (1º) que vai encaminhar à Justiça e ao Ministério Público Federal documento específico com todas as informações relativas a doações a partidos políticos identificadas durante a Operação Castelo de Areia – investigação que, na semana passada, levou à prisão quatro executivos e duas secretárias da cúpula da empreiteira Camargo Corrêa e quatro doleiros. Analistas da PF estão separando áudios, e-mails e fax onde são citados repasses supostamente ilegais. A meta da PF é submeter esse material ao crivo da Justiça Eleitoral, a quem compete autorizar investigação sobre infrações de natureza política.
A PF destacou que o inquérito Castelo de Areia foi aberto há um ano e dois meses para investigar crimes financeiros, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Mas, no curso da apuração, surgiram indícios de crimes eleitorais. Diálogos interceptados pela Inteligência da PF citam nomes de políticos beneficiados, entre eles os senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Ambos admitiram ter recebido doações da empreiteira (R$ 300 mil para Agripino e R$ 200 mil para Flexa Ribeiro), mas afirmam que as transações foram declaradas à Justiça Eleitoral.
Os autos do inquérito citam 10 partidos: PSDB, PMDB, PT, PSB, PPS, PTB, PDT, PV, DEM e PP. “Estamos tomando a cautela de reunir todos os elementos que surgirem a partir dessas buscas que foram realizadas e da análise para que, de posse de indícios mais robustos, o Ministério Público Eleitoral possa ter oportunidade de realizar essa investigação de forma aprofundada e detalhada”, declarou na terça-feira a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn.