As empresas de telefonia têm programas para interceptação de escutas telefônicas que não são controlados pelo Poder Público. A informação foi dada terça-feira (15) pelo chefe da Divisão de Doutrina e Inteligência Policial e Treinamento da Polícia Federal, Emmanuel Henrique Balduíno de Oliveira, em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas, da Câmara dos Deputados.

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Segundo ele, existem empresas privadas que têm acesso a dados de interceptações telefônicas que autoridades policiais não têm. ?Para mim, isso é banalização de interceptações telefônicas, uma questão pública que fica nas mãos de empresas privadas?, avalia. Segundo ele, a solução é estabelecer um padrão brasileiro de interceptações, eliminando intermediárias como as empresas de telefonias.

O diretor da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, também abordou a necessidade de as autoridades policiais terem mais controle sobre as interceptações. ?Não podemos submeter todo o processo às operadoras?, disse. Segundo ele, atualmente não é possível fazer interceptações sem a participação das empresas de telefonia.

?É preciso que o controle judicial se dê com o mínimo de interferência das operadoras, nós não temos acesso a cadastros, temos dificuldade de obter dados por causa de pessoas que não têm qualquer compromisso com a coisa pública?, avaliou Corrêa.

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O diretor disse também que a PF dispõe de equipamentos que podem fazer captação de conversas telefônicas sem autorização judicial, mas que esses recursos têm ?emprego tático?, ou seja, são utilizados apenas em casos como a localização de seqüestradores ou em investigações de empresas de telefonia.

Corrêa afirmou que a Polícia Federal quase nunca tem ligação com o vazamento de escutas telefônicas, que ocorrem geralmente , segundo ele, quando o conteúdo não está mais a cargo da PF. ?Se fizer uma análise crítica dos casos, dos momentos em que eles acontecem e o tempo de duração das investigações, há uma tradição de [os vazamentos] ocorrerem em um determinado momento: é quando o inquérito é encaminhado à Justiça, e quando várias pessoas passam a ter acesso [ao conteúdo]?, disse.

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Segundo o diretor, dos 163 mil inquéritos instaurados pela instituição, 3,5% utilizam interceptações telefônicas. Côrrea disse que há, atualmente, 5.800 pessoas cujas ligações foram interceptadas pela Polícia Federal, e existem 2.100 novos pedidos para quebra de sigilo.

O relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PDT-BA), disse que, segundo dados das operadoras, no ano passado foram feitas mais de 409 mil interceptações telefônicas. Segundo Corrêa, dessas, 48 mil foram feitas pela Polícia Federal.