Um alerta na véspera da Operação Santa Tereza chegou pelo celular a um familiar do deputado Paulo Pereira da Silva. ?Avisa o Paulinho que amanhã vai ter alguma coisa, uma operação da Polícia Federal que pode envolver o pessoal do partido?. O aviso partiu de Wilson de Barros Consani Júnior, coronel da reserva da Polícia Militar que a PF aponta como um dos principais operadores do esquema de desvio de verbas do BNDES. Consani não sabia que ele próprio estava sendo monitorado e era alvo da Santa Tereza.

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Os grampos da PF, que chegaram em CD ao Ministério Público Federal, mostram que o coronel fez esforço intenso para informar integrantes da organização criminosa sobre a missão federal que sairia às ruas dali a algumas horas, na manhã de 24 de abril, para cumprir 11 mandados de prisão – inclusive do lobista João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor de Paulinho.

Num telefonema, disse que a operação tinha como meta negócios relativos a ONGs. ?Parece que sujou, a informação é lá de dentro envolve a WE e o negócios das ONGs.? A WE é a boate que a organização teria usado para lavar dinheiro ilícito. A PF suspeita que um policial amigo de Consani cuidou de avisar o grupo sobre a operação secreta.

?O coronel acompanhava as ações da quadrilha e tinha plena ciência dos crimes praticados?, diz a procuradora Adriana Scordamaglia. ?Colaborava para a obtenção de futuros financiamentos no BNDES.? Consani, agora réu da Justiça Federal por formação de quadrilha e desvio de recursos do BNDES, não foi localizado ontem para falar do caso.

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