PF descobre quadrilha que legalizava carga roubada

Uma quadrilha interestadual especializada em criar empresas de fachada para dar golpes em fornecedores e legalizar cargas roubadas foi desbaratada hoje durante a Operação Sevilha, desencadeada pela Polícia Federal (PF) em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ao todo, 22 pessoas foram presas, incluindo um policial civil fluminense e o contador que criava as empresas. Os acusados, cujos nomes não foram revelados, chegavam a faturar até R$ 2 milhões em cada golpe. Segundo o coordenador da operação, delegado Cláudio Dornelas, da PF em Juiz de Fora, as investigações começaram em 2009, quando o nome de José Agostinho Pires, de 75 anos, surgiu em uma investigação.

Ele já havia sido preso pela própria PF em 2004, acusado de comandar uma das maiores quadrilhas de roubo de cargas do País, mas foi solto pela Justiça. Dornelas conta que, durante a apuração, a polícia descobriu que o grupo comandado por Pires era responsável por montar as empresas Renanda, a Zaeler e a Gazzy Comércio Atacadista. As companhias Exata, Caurb e HM Hora Marcada também foram identificadas.

De acordo com o delegado, todas as empresas foram criadas por meio de documentos falsos e eram usadas para “esquentar” cargas roubadas no Rio e em São Paulo com notas fiscais frias, além de serem usadas para dar golpes em fornecedores. “Eles montavam contratos sociais falsos, mas com aspecto de empresas sadias”, disse Dornelas. “Faziam uma primeira compra correta, na segunda, davam o golpe”, acrescentou.

Ainda segundo a PF, a quadrilha não tinha preferência por um tipo de produto e atuava com cargas roubadas e materiais comprados de forma fraudulenta desde alimentícios, como carne, até equipamentos eletrônicos. “Eles, inclusive, já compraram carretas para lavar o dinheiro”, revelou.

Além das prisões, a PF executou também 29 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, 43 mandados de apreensão de veículos, incluindo as carretas, e oito bloqueios de contas bancárias.

Seis acusados foram presos na HM Hora Marcada, única das empresas que, segundo a PF, ainda estava em funcionamento. A operação teve apoio do Exército, dos escritórios da Receita Federal estaduais, do Ministério Público e da Justiça mineiros. Ao todo, 130 policiais participaram da ação nos três Estados.