A Polícia Federal encontrou indícios de que banqueiro Daniel Dantas e o investidor Naji Nahas planejavam manipular cotas e operar o Fundo Soberano que o governo Lula pretendia lançar. O fundo, um instrumento para evitar a desvalorização das reservas cambiais em dólares do País, previa a aplicação de parte dessas reservas em investimentos de maior risco e retorno. Em relatório de 23 de junho, o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, deixa claro que seguia de perto a movimentação de Dantas e Nahas.
"Em vários momentos durante a investigação, Naji Nahas conversa com interlocutores comentando sobre a aquisição de ‘cotas’ com valor individual superior a 200 milhões (sem especificar se dólares ou reais), por pessoas determinadas", afirma o delegado.
A idéia da criação do fundo foi discutida pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o primeiro semestre. Em fevereiro, relatório da PF mostrava que o fundo soberano a que Nahas se referia em suas conversas era, de fato, o Fundo Soberano Brasil. O investidor, segundo os agentes, conversa sobre o caso com o doleiro Carmine Enrique, uma das 24 pessoas que tiveram a prisão temporária decretada pela 6ª Vara Criminal Federal. Ele foi solto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Outro importante interlocutor de Nahas sobre o tema é o ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda Delfim Neto, que estaria envolvido nessa articulação "em alinhamento com os negócios de N. Nahas".
Nahas, no entendimento dos policiais, parece ter informações privilegiadas sobre o assunto e já "se aventura a captar investidores internacionais para tal propósito". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.