A Polícia Federal afastou o delegado Protógenes Queiroz de qualquer função na corporação por tempo indeterminado. A medida foi informada na segunda-feira (13) ao delegado, que é alvo de processo disciplinar “em virtude de participação em atividade político-partidária”. É o mais duro revés administrativo já imposto a Protógenes, desde que ele desafiou a cúpula da PF – a quem acusou de boicotar a Operação Satiagraha, investigação sobre suposto esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crimes financeiros que teve como um dos alvos o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.
O ato que coloca Protógenes fora de ação – mas sem prejuízo dos vencimentos – é do diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa. O enquadramento tem base no artigo 43, inciso 12, da Lei 4.878/65, que dispõe sobre o regime jurídico da instituição. “Valer-se do cargo com fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de natureza político partidária para si ou terceiros.” Demissão é a punição mais severa que a lei da PF prevê para esse nível de infração.
Na portaria com a decisão, datada de 9 de abril, Corrêa manda “suspender preventivamente e afastar do exercício do cargo até decisão final do processo administrativo e disciplinar o servidor Protógenes Queiroz”. O afastamento é praxe nesse tipo de demanda. Trata-se de medida automática nos casos em que o funcionário pratica alguma falta de natureza grave. Não significa que o diretor-geral esteja promovendo um ato de perseguição pessoal a Protógenes.
O mentor da Satiagraha estava servindo na Coordenação-Geral de Defesa Institucional (CGDI) desde que concluiu o Curso Superior de Polícia. “Nós contamos com a imparcialidade dos policiais que atuarão nesse processo, pois a imparcialidade é um dos pilares da Justiça”, declarou o advogado Luiz Fernando Ferreira Gallo, defensor de Protógenes. “Que sejam averiguados tão somente os fatos que na verdade ocorreram.”