A Petrobras vai entrar no segmento de geração de energia hidrelétrica a partir de março. A Brasil PCH – empresa que tem como sócias a BR Distribuidora (49%), Araguaia Centrais Elétricas (12,74%), BSB Energética (14,7%), Eletroriver (21,56%) e Jobelpa (2%) – deve completar o enchimento do reservatório da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Fé este final de semana e estará apta a gerar 30 megawatts (MW) a partir de 15 de março.
A previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venha para a inauguração da unidade – a primeira de 13 usinas que estão sendo construídas pela companhia. Destas, 12 vão entrar em operação até o final do primeiro semestre deste ano e uma até o final de 2008. No total, as PCHs vão gerar 290 MW, o que representa uma economia de 2 milhões de metros cúbicos de gás natural que seriam destinados às usinas termelétricas. A energia gerada por estas usinas é equivalente ao necessário para atender a 3,5 milhões de pessoas. Todas as usinas já foram contratadas no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa).
Segundo o presidente da Brasil PCH, Fernando Homem, o desafio desta empreitada da Petrobras foi realizar as obras simultaneamente nas 13 unidades, construídas em quatro bacias hidrográficas (nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás). As 13 PCHs, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contam com investimento total de R$ 1,2 bilhão.
Em entrevista ontem durante visita às instalações de Santa Fé, o presidente da Brasil PCH informou que todas as unidades estão dentro do cronograma, apesar de pequenos atrasos gerados devido às complexidades burocráticas impostos por diferentes organismos ambientais para a liberação dos projetos. "Houve a parte de engenharia, técnica e ambiental diferenciada para cada uma delas", comentou o executivo, que já foi responsável pela elaboração de projetos de engenharia para plataformas de produção de petróleo da Petrobras.
A Santa Fé, segundo ele, foi construída ao longo de 18 meses, com investimento da ordem de R$ 132 milhões, sendo R$ 104 milhões em EPC. Atualmente, a usina, que tem duas turbinas de 15 MW fornecidas pela Alstom, já conta com 95% do seu cronograma cumprido.
Mercado livre
A BR Distribuidora pretende entrar no segmento de geração de energia hidrelétrica para o mercado livre, informou ontem o diretor de Mercado Consumidor da subsidiária da Petrobras, Marco Capute, durante visita a PCH Santa Fé. "Vamos estudar projetos e temos interesse em estar dentro destas negociações", garantiu Capute, admitindo que a empresa já foi procurada para estruturar projetos para a Vale, CSN e Sadia.
Até o momento, as usinas que a empresa está construindo são destinadas a atender ao Proinfa, com contrato com a Eletrobrás.
Para este novos sistema, a idéia é criar Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com a iniciativa privada para atender os consumidores livres. Ele informou que a BR possui hoje em carteira 1,5 mil MW, sendo a maior parte de geração térmica. A Brasil PCH terá 13 usinas, que serão responsáveis por gerar 290 MW até o final do ano. A BR analisa a contratação de uma comercializadora para vender essa energia a ser gerada.
Ainda segundo Capute está descartada a participação da BR em grandes projetos de geração hidrelétrica, mas a empresa pode participar da logística em possíveis projetos de geração térmica a carvão ou a óleo em que a Petrobras esteja envolvida nos próximos leilões.
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