Duas pesquisas lideradas por cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e publicadas na segunda-feira, 2, fazem a análise mais abrangente já realizada sobre os genes e processos de mutação envolvidos com o câncer de mama. Segundo os autores, ao localizar onde estão os “erros” genéticos ligados a tumores, os resultados ajudam a construir um conhecimento mais completo das bases genéticas da doença.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), depois dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o tumor mais frequente nas mulheres brasileiras. As estimativas do Ministério da Saúde no ano passado previam 57,9 mil novos casos da doença em 2016, com um risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.
Um dos estudos, publicado na revista Nature, analisa as mutações celulares ocorridas em sequências de genomas e relacionadas ao câncer de mama. A outra, publicada na revista Nature Communications, do mesmo grupo, avalia como essas mutações se relacionam com aspectos da estrutura genômica.
No primeiro levantamento, liderado por Michael Stratton, os cientistas analisaram o genoma completo de tecidos normais e de tumorais de 560 pacientes de câncer de mama.
Os autores identificaram mutações em 93 genes que estão relacionados à gênese da doença. Várias das mutações estão associadas com problemas no mecanismo de reparo do DNA e com as funções de dois genes supressores de tumores, segundo os autores do artigo.
De acordo com Stratton, é um “marco” nos estudos sobre câncer. “Há cerca de 20 mil genes no genoma humano. Agora, com uma visão completa sobre o câncer de mama, sabemos que 93 desses genes, se alterados, vão converter uma célula normal da mama em uma célula de câncer de mama. Essa é uma informação muito importante”, disse à BBC.
Segundo Stratton, 60% das mutações que levam ao câncer de mama foram encontradas em apenas dez genes. “Vamos oferecer essa lista às universidades e às empresas farmacêuticas e de biotecnologia para que comecem a desenvolver novas drogas, pois esses genes com mutações e suas proteínas podem ser alvo para novas terapias”, afirmou.
Assinaturas
No segundo estudo, liderado por Serena Nik-Zainal, os cientistas usaram os mesmos 560 genomas de câncer de mama para identificar mutações específicas que podem servir como “assinaturas” desse tipo de tumor. Essas mutações estão associadas a elementos da arquitetura do genoma e ao momento de replicação de algumas das partes do código genético. “No futuro, gostaríamos de ser capazes de traçar o perfil individual de genomas do câncer, de modo que possamos identificar o tratamento com maior probabilidade de sucesso”, afirmou Serena à BBC.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.