Brasília – As cúpulas do PT e do governo, de posse de pesquisas internas, estão em alerta com a queda da avaliação do governo e do desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisas encomendadas pelo PT mostram que largas parcelas da população estão insatisfeitas com o não cumprimento de promessas de campanha e criticam o mau desempenho do governo em três áreas consideradas essenciais: segurança pública, geração de empregos e saúde.
Lula ainda é o favorito para vencer as eleições presidenciais de 2006, mas as pesquisas quantitativas (de opinião pública) e qualitativas (debates com pequenos grupos heterogêneos) indicam que a população dá sinais claros de impaciência. Soma-se ao desconforto com o governo o desgaste político provocado pela sensação de falta de autoridade do presidente e descontrole na relação com os aliados no Congresso, onde tenta impedir a CPI dos Correios.
?A situação é incômoda e o desgaste precisa ser avaliado. Mas isso é recuperável quando fizermos uma ofensiva maior em defesa do governo e de divulgação de suas ações?, diz o presidente do PT, José Genoino. Na manhã de terça-feira, membros da executiva do PT, entre os quais Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares, o secretário-geral , Silvio Pereira, os secretários de Comunicação, Marcelo Sereno, e o de Relações Internacionais, Paulo Ferreira, reuniram-se na sede do partido, em Brasília, para conhecer um relatório de pesquisas quantitativas e qualitativas feitas pelo Instituto Critério, que atua em sintonia com o Núcleo de Pesquisa Fundação Perseu Abramo.
Um dos membros da Executiva confirmou que o resultado da pesquisa mostra que o governo Lula vive um momento delicado. No eleitorado das classes C, D, E e em parte da classe B, há percepção de que não foram atendidas as expectativas criadas com a eleição de Lula. Mas a esperança, diz o petista, ainda é maior que o desapontamento, segundo as pesquisas. A pesquisa interna do PT tem dados inquietantes. Mostra que o social continua sendo a principal marca do PT e do governo, mas chama a atenção os altos e baixos da área social. O programa Universidade para Todos e o projeto das cotas, do ministro da Educação, Tarso Genro, recebem avaliação positiva. Mas o ministro da Saúde, Humberto Costa, é comparado negativamente com seu antecessor José Serra.
Imagem negativa
Mesmo tendo superado os problemas de sua implantação, o Bolsa Família continua com imagem negativa por causa da idéia de que há descontrole e má gestão. Há também na população a convicção de que Lula não conseguirá cumprir até o fim do mandato a meta de criar dez milhões de empregos. Os eleitores, selecionados nos grupos de pesquisa qualitativa, reconhecem os resultados positivos, mas não se sentem incluídos. Um dos participantes de grupo comentou: ?Eu sei que o setor exportador criou milhares de empregos, mas não estou entre eles?.