Pesquisadores descobrem rã que canta e dança para se comunicar

Uma nova espécie de rã, descoberta por pesquisadores na Serra do Japi, em Jundiaí (SP), canta e dança para se comunicar. A Hylodes Japi – a rãzinha-da-correnteza – foi descrita pela primeira fez por Fábio Perin de Sá e Célio Haddad, do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do câmpus de Rio Claro, na revista científica PloS One.

Os pesquisadores estudaram o anfíbio durante três anos e concluíram que a rãzinha-da-correnteza é uma variação totalmente desconhecida de sua família biológica, a Hylodidae.

A pesquisa, realizada com apoio da Base Ecológica, mantida na Reserva Biológica Municipal de Jundiaí, apontou que a nova espécie só ocorre na Serra do Japi. “Acredito que ela tem muito a contribuir com a preservação desse importante remanescente da Mata Atlântica brasileira”, disse o pesquisador Fábio Perin de Sá.

A forma de se reproduzir da rã chamou a atenção, pois ela deposita ovos dentro de uma câmara subaquática construída no leito de riacho. A Serra do Japi tem mais de 30 espécies de anfíbios, porém, o mais curioso são os aspectos comunicacionais da espécie.

Outros estudiosos também atuaram na pesquisa, que constatou de vocalizações a carícias entre machos e fêmeas. A rãzinha emite diferentes tipos de sons e sinais visuais, como impulsos com os braços e balanço do corpo, para atrair a atenção da fêmea e também para afugentar as rãs rivais.

Sedução

O ritual de sedução vai desde os sinais à distância até a aproximação dos bichos e o “sim” da fêmea com toques dos braços sobre os pés do macho. Segundo o estudo, alguns comportamentos das fêmeas, estimulando os machos, são um registro inédito entre as rãs.

A nova espécie tem listras laterais oblíquas, dorso com manchas escuras e ventre de cor clara. Os machos adultos têm sacos vocais laterais emparelhados e expandidos. “Descobrimos que os machos usam seus sacos vocais duplos para sinalizar, provavelmente, melhorando sua performance durante a comunicação”, diz Fábio Sá.

No total, os pesquisadores identificaram 18 comportamentos, com funções diversas, na nova rã.

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