São Paulo – Os técnicos da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) admitiram ontem que a pequena queda do desemprego na Grande São Paulo, de 17,6% em outubro para 17,4% em novembro, ficou aquém da expectativa das duas instituições. "O nível de ocupação na indústria, que esperávamos que continuaria crescendo, não se manteve e há uma relativa frustração sobre o que era esperado", afirmou o coordenador de análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) pela Fundação Seade, Alexandre Loloian.
Ele observou que o setor industrial arrefeceu seu ritmo de atividade e vem andando de lado: "no terceiro e quarto trimestres a indústria tem se mantido estável em suas contratações, enquanto o setor de serviços tem aumentado o seu nível de emprego e puxado a ocupação", explicou.
O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, considerou o crescimento de demissões nos serviços domésticos como a principal justificativa para o fato do desemprego não ter uma queda mais acentuada em novembro. "O emprego doméstico voltou, em novembro, ao patamar de setembro, eliminando, assim, o crescimento verificado em outubro", comentou, referindo-se aos cortes de 31 mil postos em outros setores (construção civil e serviço doméstico).
Como a pesquisa captou crescimento da ocupação na construção civil em novembro, o diretor do Dieese estimou cortes superiores aos 31 mil em serviços domésticos, o que resultou na ponderação final do volume de demissões no setor. "Não é possível imaginar uma explicação razoável para o comportamento de empregos domésticos, porque a renda dos trabalhadores cresceu em outubro e, portanto, deveria existir disponibilidade de recursos para a contratação de serviços domésticos. Teremos que acompanhar mais de perto esse segmento nos próximos meses", analisou Lúcio. "Podemos afirmar, porém, que se não fossem os cortes de serviços domésticos, o desemprego de novembro da Grande São Paulo ficaria em 17% da População Economicamente Ativa (PEA)", complementou. O diretor do Dieese ponderou, entretanto, que o comportamento atual do setor de serviços domésticos não é preocupante para o conjunto do mercado de trabalho na Grande São Paulo. "Seria preocupante se verificássemos demissões, em novembro, no comércio ou se os serviços interrompessem as contratações", justificou. Os técnicos esperam uma nova redução do índice de desemprego em dezembro, mas preferiram não especificar projeções diante da surpresa da pequena queda do desemprego em novembro.