Três em cada quatro estudantes do ensino médio menores de 18 anos já consumiram bebidas alcoólicas, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), divulgada nesta sexta-feira. Dos 1.507 alunos de escolas da rede pública e particular ouvidos na pesquisa, 40% disseram ter usado álcool nos últimos 12 meses. Entre os alunos do ensino fundamental (de 7 a 14 anos) 38,8% já experimentaram bebida alcoólica e 8,5% o fizeram em período recente.
A pesquisa, aplicada em escolas de Botucatu, a 235 quilômetros de São Paulo, indica que o álcool tem entrado cada vez mais cedo na vida de seus usuários, segundo a pesquisadora Priscila Lopes Pereira, responsável pelo estudo. Outra constatação da pesquisa é de que o uso do álcool tem sido mais comum entre mulheres, o que amplia o comportamento de risco entre as adolescentes, como, por exemplo, sexo sem proteção e dependência de drogas.
“Os jovens são os que apresentam maiores riscos em relação ao consumo do álcool, com consequências negativas como problemas nos estudos, problemas sociais, prática de sexo sem proteção, gravidez indesejada, maior risco de suicídio ou homicídio e de acidentes”, afirmou.
A maior propensão de “beber com embriaguez”, revelou o estudo, também se encontra no grupo de estudantes do sexo feminino. A pesquisadora define como beber com embriaguez o consumo igual ou superior a cinco doses em uma ocasião para homens e a quatro doses para mulheres. Nesse caso, a dose equivale a 50 ml de destilado com teor alcoólico de 40%; 350 ml de cerveja (teor alcoólico de 4 a 5%) e 150 ml de vinho a 12,5% de álcool.
Pertencer à classe social mais alta, estudar em escola pública e não ter prática religiosa são fatores que facilitam o contato precoce com o álcool, segundo a pesquisa. Para a autora do trabalho, a influência de amigos que bebem e se embriaguem uma vez por semana é um estímulo crucial para os mais jovens. “O padrão de consumo segundo o sexo vem sendo objeto de discussão em estudos envolvendo a epidemiologia do alcoolismo.
As conquistas femininas nas últimas décadas, além da independência financeira, levaram as adolescentes a ter mais liberdade e a frequentar locais de consumo antes restritos aos homens”, explicou Priscila. Estudos indicam, segundo ela, que as mulheres que consomem álcool desenvolvem mais rapidamente que os homens doenças graves como fígado gorduroso, hipertensão, anemia, desnutrição, hemorragia gastrointestinal e úlcera péptica.