Apesar de ser proibida por lei federal desde 1987, a pesca de botos na Amazônia continua sendo praticada. De acordo com o Instituto Chico Mendes, na fronteira Brasil-Colômbia, a pesca desses animais foi intensificada nos últimos anos, o que caracteriza uma preocupante situação de caça predatória na região.
Para combater esse problema, nesta semana, um grupo formado por representantes do Instituto Chico Mendes, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas e ainda de instituições ambientais colombianas dará início ao Plano de Ação Emergencial para Redução e Interrupção da Caça de Botos-da-Amazônia. O plano inclui uma série de atividades, a começar pela identificação e fiscalização das áreas críticas e pelas ações de educação ambiental na região.
De acordo com o analista ambiental do Instituto Chico Mendes, Paulo Flores, o problema se intensificou há pelo menos um ano, quando brasileiros descobriram que poderiam comercializar na Colômbia um peixe característico da Amazônia – a piracatinga – no lugar de um peixe muito apreciado na culinária do país vizinho e que já não era tão facilmente encontrado, o mandi.
Segundo Paulo, a carne do boto é utilizada por alguns pescadores como isca para as piracatingas. Isso acontece porque o boto é um animal grande, de carne gordurosa que demora um pouco mais para apodrecer.
"Como não há mais esse peixe em quantidade suficiente, começaram a incentivar a pesca da piracatinga na Amazônia, para comercializar o mandi por lá, já que eles têm o sabor parecido", explica.
Ainda segundo Paulo Flores, do Instituto Chico Mendes, a ação para combater a pesca do boto não pretende impedir a pesca da piracatinga. O objetivo é evitar que a carne do boto seja utilizada como isca para peixes.