A principal perícia necessária à Polícia Federal para que aponte criminalmente possíveis culpados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a que indicará os motivos que levaram à liquefação da estrutura, está sendo realizada em parceria com universidades da Europa e só deve ficar pronta em meados de 2020. A corporação vai voltar a ouvir executivos da mineradora em fevereiro.
A perícia é fundamental, conforme informou nesta quinta-feira, 16, o delegado responsável pelas investigações, Luís Augusto Pessoa Nogueira, para determinar se poderá haver indiciamentos por homicídio doloso, quando há a intenção de matar, ou culposo. O rompimento da barragem completa um ano no próximo dia 25. Até agora, foram confirmadas 259 mortes, além do desaparecimento de 11 pessoas.
O delegado afirmou que a decisão foi procurar por universidades europeias, de Barcelona, na Espanha, e do Porto, em Portugal. Nogueira disse que os equipamentos da PF para realização da perícia não seriam suficientes para o serviço. O início dos trabalhos em conjunto com as instituições europeias ocorreu em dezembro.
“Nossa perícia não se sentiu habilitada. Prefiro fazer algo que não tenha o resultado questionado”, explicou o delegado.
Explosões realizadas perto da barragem ao longo do tempo podem ter provocado o colapso da estrutura, segundo o delegado, minando, aos poucos, o complexo. Conforme Nogueira, explosões realizadas no dia não foram responsáveis pelo rompimento. Podem ter contribuído abalos sísmicos, também ao longo do tempo.
Apesar da necessidade da perícia, o delegado afirmou que as investigações em relação a “alvos” mais importantes estão avançadas. Um executivo da empresa alemã Tüv Süd, organização de consultoria que atestou a estabilidade da barragem, negou-se a vir ao Brasil. A PF estuda maneira de tomar o depoimento do executivo que, conforme as investigações, teve participação fundamental na decisão da empresa em emitir o laudo pela estabilidade.
Em setembro, a PF concluiu as investigações em relação a crimes de falsidade ideológica e produção de documentos falsos. Foi feito o indiciamento de sete funcionários da Vale e seis da Tüv Süd.
Os crimes foram cometidos, conforme as investigações, em junho e por duas vezes, em setembro de 2018, durante envio de documentos a autoridades da Agência Nacional de Produção Mineral (DNPM) e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).