Perícia avalia se briga de médicos matou bebê em parto

A Polícia Civil de Ivinhema (a 345 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul) aguarda exames laboratoriais e periciais do bebê morto e da placenta da gestante, de 32 anos, para comprovar se a causa da morte da criança foi provocada pela tensão causada pela briga e troca de socos de dois médicos na sala de cirurgia do hospital municipal.

Um terceiro médico foi acionado, mas não estava no hospital na hora. Ele chegou ao local e conseguiu fazer uma cesariana uma hora e meia depois, mas o bebê já estava morto.

Segundo o delegado Lupérsio Degerone Lúcio, o médico Orozimbo Oliveira Neto, de 49 anos, realizava o parto normal na gestante, quando o plantonista do hospital, Sinomar Ricardo, de 68 anos, invadiu a sala de cirurgia discordando dos métodos utilizados pelo colega.

Segundo a equipe médica relatou ao delegado, os dois médicos trocaram socos enquanto a mãe da criança implorava que parassem de brigar. A briga teria iniciado porque Oliveira Neto teria feito todo o acompanhamento da gestante, mas o plantão seria de Sinomar Ricardo.

De acordo com os relatos da equipe médica ao delegado, no momento em que o plantonista invadiu a sala, o bebê já estava ‘coroando’. “Os laudos vão apontar se o confronto provocou um mal-estar na gestante, que impossibilitada de parir, teve alterações e, consequentemente, abortou, causando a morte do bebê”, explica o delegado.

Se ficar comprovada a relação de casualidade, os dois médicos vão responder por aborto doloso, com dolo eventual. “Isso significa que eles não queriam a morte do bebê, mas também não se importaram com a possibilidade de isso ocorrer.” O delegado ressalta que vai colher o depoimento do médico que finalizou o parto e da mãe da criança morta.

Médicos foram demitidos

A Prefeitura Municipal de Ivinhema demitiu os dois médicos e colocou uma psicóloga à disposição da mãe do bebê. Em nota, a administração municipal informa as medidas tomadas para a apuração do caso. Foram elas: informar oficialmente (com cópia do boletim de ocorrência) o Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM); instauração de apuração e auditoria médica municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), para apurar os fatos administrativos.

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